Belém: Praça da República é usada para tráfico de drogas

Já foi somente um terreno descampado, chamado de Largo da Campina, já foi armazém para guardar pólvora, que deu o nome de Largo da Pólvora. Já teve forca e já foi até cemitério de escravos e índios.

Em homenagem ao imperador lhe deram o nome de Praça Dom Pedro II, mas só em 1878 foi definido o nome que conhecemos hoje: Praça da República. Além de ser um ponto turístico e parte da história da capital paraense, o cenário de encontros de amigos, namorados, amantes, músicos, artistas, de realizações de shows, movimentos culturais, entre outros, estaria sendo usada também para o uso e venda de drogas durante 24 horas.

Segundo informações de pessoas que trabalham nas redondezas, o uso e a venda de entorpecentes seriam feitos durante as manhãs, tardes, noites e durante as madrugadas. O autônomo André Cavalcante*, 41, declara como os viciados agem. “Parece até que usar drogas está na moda porque o que aparece de gente nesta praça para consumir essas porcarias, não é brincadeira! E pessoas de todas as idades. No é só durante a noite. Mesmo com o movimento das manhãs e tardes, as pessoas sentam nos bancos, usam a droga, vão embora e não acontece nada”.

ASSALTOS E FURTOS

O autônomo acrescenta que além dos viciados, traficantes também atuariam no local com a maior naturalidade. “Os que vendem ficam por aí, sentados, andando pela praça ou pelas ruas próximas. Eles não param. O tráfico de drogas tomou conta desta praça”, opinou.

Apesar da nova iluminação, revitalizada ano passado e da presença de uma base da Guarda Municipal de Belém (GMB), conforme ele, consequentemente, com a situação denunciada por moradores, frequentadores e flagrantes publicados na imprensa, ocasiona também no aumento de casos de roubos e furtos no local, deixando o público receoso com a violência.

“Nos últimos anos vem tendo muitos assaltos por aqui. Casais de namorados que ficam sentados até um pouco mais tarde são as vítimas mais comuns. Quem deixa o carro estacionado também corre o risco de tê-lo arrombado. Os bandidos levam o que tiver dentro e vão nas ‘bocas de fumo’ trocar por droga”, finalizou.

Para quem conhece há muitos anos a Praça da República, como frequentador, nos últimos anos os problemas no local pioraram. O vendedor Manoel Souza*, 56, relembra que a praça já foi palco de várias confusões, mas com a chegada de traficantes de drogas, a situação ficou bem pior.

“Trabalho há mais de 20 anos por aqui. Já presenciei várias brigas, mas todas eram, normalmente, porque as pessoas envolvidas estavam bêbadas. Mas hoje em dia o pessoal fica drogado e não bêbado. É muita droga que ‘rola’ por aqui e a gente tem que fingir que não vê nada. Temos que nos calar”, comentou, observando para os lados para ver se ninguém suspeito estaria ouvindo.

O vendedor denuncia ainda que mesmo com a presença de homens da Guarda Municipal, os traficantes, usuários de drogas e assaltantes conseguiriam cometer seus delitos. “Tem os guardas municipais em uma base aqui na praça. Eles fazem ronda mais durante o dia e a noite. Vez ou outra eles passam de madrugada, mas é difícil. Tanto que os viciados e traficantes ficam por aí”.

Manoel assegura que a Guarda Municipal é presente, mas desacredita que o problema do tráfico de entorpecentes no local tenha solução. “Os guardas já prenderam alguns desses traficantes, mas passa um tempo, eles saem da cadeia e acabam voltando a fazerem as mesmas coisas. Sabe, parece que não tem jeito, a droga está em todo lugar”, finalizou.

FLAGRANTE

No mesmo dia em que a reportagem foi na Praça da República, momentos depois, outra equipe do DIÁRIO acompanhou o caso de um homem que foi detido com 52 “petecas” da substância conhecida como pasta base de cocaína.

Ele foi detido por homens da Guarda Municipal e apresentado na Central de Flagrantes da Seccional Urbana de São Brás. Segundo informações da polícia, ele estava sentado em um dos bancos, comercializando os entorpecentes.

*Por conta do conteúdo da denúncia, os nomes, idades e profissões publicadas dos personagens da matéria são fictícios.

(Diário do Pará)

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