Uma semana depois da tragédia que matou dez jogadores da categoria de base no centro de treinamento (CT) do Flamengo, a situação do Ninho do Urubu permanece indefinida.
Após reunião hoje (15) da força-tarefa, criada para tratar do problema, integrantes dos ministérios Público Estadual e do Trabalho afirmaram que o representante da prefeitura do Rio de Janeiro indicou que o CT deve ser interditado totalmente.
Nesta segunda reunião na semana, após a vistoria feita no CT do Flamengo há três dias, a força-tarefa não anunciou se o local será fechado totalmente ou parcialmente.
O representante da prefeitura na reunião não se manifestou publicadamente. Em nota, a prefeitura informou que a intervenção no Ninho do Urubu é de 2017 e que não há outra medida neste sentido.
“A prefeitura disse que está interditado desde 2017. Tem que se cobrar da prefeitura. Se está interditado e eles não estão cumprindo, qual a providência que a prefeitura vai adotar? O MP vai encaminhar para a Promotoria de Urbanismo, para ver se vão ingressar com alguma ação pedindo o fechamento.
O promotor [do Urbanismo] está recebendo isto hoje”, disse a promotora Ana Cristina Ruth Macedo, do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Recomendação
Para a promotora Ana Cristina Ruth Macedo, o Ninho do Urubu deve ser interditado com cessação de atividades. “No meu entendimento, sim. Haja vista as respostas fornecidas pela prefeitura. Nós indagamos a prefeitura, por mais de uma vez, durante a reunião, e a prefeitura insiste em dizer que o Ninho do Urubu está interditado.”
O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT), Flábio Villela, tem posição semelhante à da promotora.
“O que foi falado pelo representante da prefeitura é que estaria interditado. Agora isso aí é uma demanda da prefeitura. Eu posso falar o que o representante da prefeitura disse. Ele disse que está interditado. Maiores esclarecimentos técnicos devem ser feitos com a prefeitura”, afirmou.
Outro lado
Pela primeira vez um representante do clube falou formalmente com a imprensa, o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, concedeu entrevista coletiva. Porém, ele abandonou a entrevista antes do final. Segundo ele, o clube tem como objetivo principal a reparação às vítimas e às famílias das vítimas.
Questionado sobre o porquê do Flamengo não ter acatado a ordem de interdição de 2017 no Ninho do Urubu, definida pela prefeitura. “Posso garantir, não posso falar pela gestão passada, que o Flamengo tem interesse em atender sempre qualquer requisição das autoridades. A gente está tomando conhecimento do principal desta questão agora e eu acho que não seria justo haver uma deliberação imediata”, disse Dunshee.
O advogado reiterou a determinação do clube. “Quero esclarecer que eu sou vice-presidente jurídico do Flamengo há 30 dias, antes desse lamentável acidente. Nós estamos tomando conhecimento. O Flamengo vai sentar para deliberar o que fazer ou não fazer.”
Análise
Informado pela imprensa que a prefeitura do Rio determinou a interdição do CT, o advogado afirmou que o Flamengo vai se reunir para tratar da questão. Em seguida, levantou-se e deixou o local da entrevista coletiva.
A prefeitura do Rio informou, que o caso está com a Secretaria de Fazenda, a quem cabe fiscalizar e expedir alvarás de funcionamento, podendo, inclusive, requisitar força policial para fazer cumprir uma interdição.
Em meio à controvérsia, o time profissional do Flamengo se apresentou hoje à tarde no Ninho do Urubu, após a eliminação da Taça Guanabara ontem (14) à noite pelo Fluminense, que venceu a partida por 1 a 0.
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