Andrade Gutierrez diz que pagou despesa de campanha de Dilma

Os recursos teriam bancado, na prática, serviços para a campanha de Dilma
Os recursos teriam bancado, na prática, serviços para a campanha de Dilma
Os recursos teriam bancado, na prática, serviços para a campanha de Dilma

Executivos da Andrade Gutierrez relataram nos depoimentos colhidos em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato que a empreiteira realizou pagamentos diretos a empresas contratadas pela campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. Eles também teriam afirmado na delação premiada que a empreiteira pagou por pesquisas eleitorais que colocaram a candidata Dilma Rousseff na frente dos seus adversários em momentos importantes da campanha.

No total, 11 executivos da empresa prestam depoimentos, entre eles Otávio Azevedo, ex-presidente do grupo, e Flávio Barra, ex-presidente da construtora, ambos alvos da Operação Lava Jato. A delação de Otávio Azevedo teria sido finalizada na semana passada, mas as dos demais executivos prosseguem. Nenhuma foi homologada pela Justiça até o momento.

Em 2010, a agência Pepper recebeu 16 pagamentos da Andrade Gutierrez, entre janeiro e dezembro, que somaram R$ 6,5 milhões. Conforme as investigações em curso, o contrato com a empreiteira seria fictício. Os recursos teriam bancado, na prática, serviços para a campanha de Dilma. A coligação de Dilma contratou oficialmente a Pepper nesse mesmo ano para divulgar a candidatura nas redes sociais por R$ 6,5 milhões.

Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ouvidos pelo Estado disseram que o pagamento a fornecedores de campanha eleitoral pela empreiteira é um forte indicativo da ocorrência de caixa dois durante a disputa presidencial. O fato, no entanto, não é capaz de gerar efeitos no atual mandato da presidente Dilma Rousseff, pois são relativos à gestão passada, encerrada em 2014. Para os magistrados, cabem eventuais investigações de origem criminal sobre os pagamentos.

Odebrecht. A delação dos executivos da Andrade Gutierrez motivou a Odebrecht a iniciar discussões internas sobre a possibilidade de seus executivos também firmarem acordo de delação. O Estado apurou que o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, preso desde junho do ano passado, teria ficado incomodado com o fato de Otávio Azevedo ter iniciado processo de delação mesmo depois de ter relutado a entregar o esquema de corrupção na Petrobrás. As duas empreiteiras sempre foram parceiras em obras.

A empreiteira também estaria sendo pressionada por grandes bancos que já teriam exigido o afastamento de Marcelo da presidência da empresa no passado preocupados com o efeito da Lava Jato no grupo. Até agora, ao menos dois ex-executivos teriam se convencido a fazer delação e a empresa pensa num acordo de leniência, mas as discussões foram apenas em âmbito interno. Marcelo Odebrecht teria dado seu aval, mas ele próprio ainda resiste em colaborar. As defesas de Rogério Araújo e Marcio Faria negam que eles tenham aderido à delação.

Sigilo. O advogado Juliano Breda, constituído pela Andrade Gutierrez, disse que ‘a posição oficial da empresa é não comentar especulações (sobre os depoimentos dos executivos delatores da empreiteira)’. “Como os processos estão tramitando em segredo de Justiça, a Andrade Gutierrez não comentará”, disse Juliano Breda.

A Pepper informou que não falaria na imprensa sobre questões relacionadas a uma investigação em curso. Uma fonte ligada à empresa explicou, no entanto, que foram prestados serviços de monitoramento de redes sociais para a Andrade Gutierrez em 2010 e que há relatórios sobre os trabalhos realizados.

O coordenador financeiro da campanha presidencial de 2010, José de Filippi Jr., informou, por meio de nota, que os serviços prestados pela empresa Pepper à campanha da petista em 2010 “foram regularmente contabilizados nas prestações de contas aprovadas pelo TSE”. “Os valores pagos a esta empresa foram da ordem de R$ 6,4 milhões”, disse o ex-tesoureiro.

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