Manaus – O setor de papelaria do Amazonas ainda aguarda a implementação do Cartão Material Escolar (CME), projeto já há alguns meses discutido entre entidades e lideranças em Manaus, para alavancar os negócios.
Já implantada em alguns Estados, a medida ajudaria as MPEs (micros e pequenas empresas) a melhorarem as vendas que, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE), há três meses se encontram em queda.
A adoção do sistema visa substituir a entrega de material escolar pelos prefeitos, possibilitando ao responsável pelo aluno, a escolha do material que deseja comprar. O cartão, entre outras vantagens promove emprego e renda ao comércio e indústria das cidades em que é implementado, evita fraudes em licitações, atraso na entrega ou entrega de material de baixa qualidade.
Em fevereiro passado, o diretor comercial da Rymo da Amazônia, José Marques ‘Dedé’ esteve em Brasília para buscar orientação sobre o CME e transmiti-la aos interessados no Amazonas. Segundo Dedé, nada avançou até aqui. “Na época fui a Brasília para ver a materialização do projeto e o que vi poderia muito bem ser implantado em nosso Estado. Temos que provocar a discussão com a classe política, mas algo está atrasando o projeto”, conta.
Direito de escolha
Apostando no direito de escolha do consumidor como uma forma de alavancar vendas de material escolar, a sócia-proprietária e responsável pela área administrativa da Metro Importação Ltda., Rosângela Aguiar, apoia a ideia da implantação do CME. “É uma boa solução para o setor e movimentaria a economia do Estado. No nosso caso, teríamos novos clientes que buscam qualidade, a mesma que não se encontra nos kits do Estado ou município”, disse Rosângela.
De acordo com Rosângela, as grandes empresas que mantêm contratos de distribuição podem ser entraves para o projeto. “Creio que alguns itens ainda podem ser responsabilidade do Estado, porém muito do que é distribuído tem uma qualidade inferior, às vezes sem certificação de segurança e nem sabemos onde foi fabricado. Penso que uma criança gostaria de ter um material com sua ‘cara’, algo personalizado que criasse uma boa autoestima. Isso inclusive manteria as crianças na escola”, conta.
Para o diretor comercial da Rymo, o programa causaria aumento da autoestima e rendimento escolar do aluno. “O programa permite às famílias o acesso aos materiais de boa qualidade,” afirma Dedé, lembrando que a descentralização da renda ainda estimula a geração e manutenção de empregos nas MPEs. “O mercado se tornará mais competitivo, aberto a novos materiais, de melhor qualidade. Ganha nossa indústria, nosso comércio e nossas famílias. E ainda se quebra o monopólio das grandes empresas, acabando com licitações mal executadas ou fraudulentas, beneficiando indústria e varejo”, conclui Dedé.
Segundo a empresária, a Metro estaria pronta no caso da implantação do cartão. “Se fosse aprovado agora, o mercado todo estaria pronto para fazer as encomendas. Este é o período em que fazemos o levantamento de preços e assim no início do ano letivo de 2016, já seria possível trabalharmos com o cartão”, afirma Rosângela. “Trabalhamos com importação própria de produtos dos EUA e Panamá, por exemplo. Ampliamos nosso leque de ofertas com a parceria de distribuidores nacionais, o que nos dá mais opções de mercado”, fecha.
Black Friday
Rosângela aposta ainda no Black Friday como um impulsionador do mercado. “As promoções do dia já não ficam apenas no mundo virtual, as lojas físicas já aderiram e se tivéssemos o cartão em funcionamento, estaríamos desde já com ofertas de material”, comenta. Este ano o Black Friday acontece em 27 de novembro.
Em análise O PLS (projeto de lei do Senado) 122/2013, de autoria da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), pretende ampliar para todo o Brasil os benefícios do CME. O PLS está na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. A relatoria deu voto favorável, repetindo o voto da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.
O próximo caminho será a Comissão de Assuntos Econômicos e a Comissão de Assuntos Sociais, onde terá decisão terminativa. Após esse trâmite, sendo aprovado no Senado, o projeto segue para a Câmara dos Deputados. Os valores creditados variam conforme a série cursada pelo aluno.
Amazonianarede-Jornal do Commercio