Amapá: Vida agitada no cais do porto movimenta economia de Santana

(Foto: Diário do Amapá)

Qualquer hora do dia ou da noite eles estão por lá. São os trabalhadores do porto de Santana que, faça chuva ou faça sol, estão na beira do “cais” à espera de uma oportunidade de negócio.

Carregadores (que agora querem ser chamados de “auxiliar de porto”), marinheiros (embarcadiços), camelôs, comerciantes, biscateiros, prostitutas (acompanhantes), turistas, desocupados, picolezeiros e afins. Todo tipo de gente – com profissão ou não – se encontra no entorno dos barcos que atracam nos três principais portos de Santana: porto do Grego (o mais movimentado), porto da Souzamar (um pouco mais afastado) e porto da Portobras, onde atracam os navios cargueiros e embarcações sofisticadas, como os transatlânticos.

Os três portos movimentam, diariamente, um grande volume de cargas, mercadorias e pessoas, mas que não constam nas estatísticas oficiais. Mesmo assim serve de sustento para centenas de famílias que dependem diretamente do trabalho das pessoas do cais. E, indiretamente, vão fomentando a economia local.

É o caso do embarcadiço José Roberto Silva, 44 anos, o “Jerry” (foto), que vem do distante rio Aranaí, no Pará, em duas viagens semanais que duram até 9 horas, para trazer seu carregamento de açaí e abastecer amassadeiras e fábricas de polpa. Dono do próprio negócio (uma lancha média com capacidade para carregar até 300 paneiros de açaí, cerca de uma 300 latas de 18 litros), “Seu” Jerry tem um funcionário que o acompanha nas viagens: o sobrinho Renan de Jesus, 17, estudante, que tira cerca de R$ 500 por mês ajudando o tio a transportar açaí das ilhas do Pará para Macapá.

Jerry conta um pouco o segredo de sua contabilidade: Ele passa nos locais onde os caboclos colhem o açaí, compra o produto a uns R$ 10 a lata (de 18 litros), depois revende tudo diretamente aos abatedores, em Santana, com um valor agregado: R$ 16. Para as fábricas de polpa, Seu Jerry faz um preço menor: R$ 14. Mas explica: “Elas compram em grande quantidade”. Ele não conta quanto fatura nessa transação, mas diz que as despesas são enormes: “Gasto cerca de R$ 400 por viagem, comprando óleo diesel, pagando ajudantes…”, diz, com a experiência de quem está 15 anos no ramo da revenda de açaí in natura.

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