Brasilia – Após o desgaste de estarem na mira da Operação Lava Jato e serem alvos de delações premiadas, caciques doMDB do Senado foram derrotados nas urnas ao disputar a reeleição: Edison Lobão (MA),Valdir Raupp (RO) e Eunício Oliveira (CE). Na bancada do partido, conseguiram manter as cadeiras Renan Calheiros (AL),Jader Barbalho (PA) e Eduardo Braga (AM).
Lobão foi o quarto colocado, com 9,4% dos votos, e Raupp ficou em sexto, com aproximadamente 6% dos votos, tendo sido derrotados com grande diferença de votos. Eunício foi o terceiro colocado, com cerca de 17%, mas perdeu por pequena diferença de 15 mil votos para o segundo colocado, Eduardo Girão, do Pros.
Na Câmara, o deputado Aníbal Gomes, ex-PMDB, atualmente no DEM, apontado nas delações como intermediário de propina para Renan, não conseguiu se reeleger.
Até a publicação desta matéria, o resultado da eleição do outro senador emedebista, Romero Jucá (RR), ainda estava indefinido.
Na bancada dos vitoriosos, Jader teve o melhor resultado, em primeiro lugar com 19,7%. Renan passou em segundo, com 23,9%. Eduardo Braga também ficou em segundo, com 18,3% dos votos.
Os percentuais consideram o resultado preliminar da apuração até o horário de publicação desta reportagem, mas nos casos em que as eleições nesses Estados já estavam definidas.
As acusações contra os emedebistas vão desde receber propina desviada da Petrobras até favorecer empresas em medidas provisórias no Congresso. Raupp já é réu no Supremo Tribunal Federal sob suspeita de receber propina de uma empreiteira, via doações oficiais, devido à influência do partido na Petrobras.
Já Lobão e Jader foram acusados em relatório da Polícia Federal de receber propina da Odebrecht por causa das obras de Belo Monte –a Procuradoria-Geral da República ainda não ofereceu denúncia neste caso.
Investigados no STF
Braga, Renan, Jucá e Eunício, dentre outros emedebistas, são investigados em um inquérito no Supremo que apura repasses do grupo J&F, dono da JBS, para senadores do MDB em 2014, como forma de compra do apoio à reeleição de Dilma Rousseff.
Eunício também é suspeito de ter recebido pagamentos via caixa dois da empresa Hypermarcas e repasses da Odebrecht em troca de favorecimentos no Congresso Nacional.
Renan e Jucá também são alvos de outros inquéritos na Lava Jato, sob acusações de receber propina da Odebrecht em troca de favorecer a empreiteira no Congresso Nacional, dentre outros casos.
Com a perda das cadeiras no Senado, as investigações contra Lobão, Raupp e Eunício devem ser enviadas para a primeira instância, já que eles ficarão sem foro privilegiado.
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