Acre decreta estado de emergência social

Rio Branco – Governador do Acre critica ministério das Relações Exteriores e Ministério da Justiça pela “timidez” na resolução do problema. Mais de 4,3 mil haitianos já passaram pela fronteira acreana com o Peru.

Outros ainda 1,2 mil estão nas cidades de Brasiléia e Epitaciolândia. Presença de senegaleses, indianos, etíopes, dominicanos e nigerianos levanta a suspeita de que o Acre passou a fazer parte da rota do tráfico internacional de pessoas.

O governador do Acre, Tião Viana, assinou decreto de emergência social para tentar amenizar os problemas relacionados aos imigrantes haitianos. Em entrevista coletiva, o petista Tião Viana criticou a postura do Ministério das Relações Exteriores e da Justiça.

“Nós temos tido um apoio muito tímido do Ministério da Justiça e uma insensibilidade marcante por parte do Ministério das Relações Exteriores”, desabafou o governador. A postura de ataque do governo do Acre tem justificativa.

“Por várias vezes, eu já tratei dessa questão com o ex-ministro Gonzaga Patriota, coloquei a gravidade da situa-ção”, pontua Tião Viana. O governador entende que a maneira mais eficaz de limitar o trânsito de haitianos é a exigência do visto pelo governo peruano dos imigrantes que vêm do Equador. “Apontei o caminho de uma solução e até agora não percebi nenhum movimento nessa direção. O ministério tem se mostrado insensível à questão”.

Desde dezembro de 2010, quando chegou na fronteira o primeiro grupo de haitianos em fuga após a série de terremotos que assolou o país, 4,3 mil imigrantes já passaram pela fronteira do Acre com o Peru, passando pelo Equador. Hoje, estão nas cidades de Brasiléia e Epitaciolândia mais de 1,2 mil haitianos.

Isso teve um custo contabilizado em mais de R$ 3 milhões ao Governo do Acre. É mais de seis vezes o gasto que o Governo Federal teve com ajudas pontuais. Até hoje, o Governo Federal arcou com R$ 650 mil, pelas contas da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos.

Hoje, os 1,2 mil haitianos estão acomodados em um local onde deveria suportar apenas 200 pessoas. Custos com energia, aluguel e três alimentações diárias são bancados pelo governo acreano, com ajuda pontual do Ministério do Desenvolvimento Social.

Como as condições de higiene, a ociosidade e a falta de perspectivas são presentes, qualquer problema mais grave pode se transformar em uma tragédia. “Se nós tivermos um momento de violência ali, que poder de polícia o Governo do Estado tem para tratar essa questão?”, pergunta o governador.

Região do Acre pode ser rota do tráfico internacional de pessoas

Desde o fim do ano passado, o perfil dos imigrantes mudou. Agora, além dos haitianos, há etíopes, senegaleses, dominicanos, nigerianos e até indianos. O governo suspeita que a região passou a ser rota do tráfico internacional de pessoas.

“É como se estivesse formada uma rota internacional migratória que se associa à crise social porque vive o povo do Haiti”, sugeriu o governador Tião Viana. “E isso traz uma incapacidade de resolver sozinho essa questão”.

O secretário de estado de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, afirmou que a postura do governo do Acre de tratar “de forma humanizada” os haitianos “acabou servindo de chamariz para outros imigrantes”.

“Já transcende uma questão humanitária, que é a ajuda aos haitianos, a partir do momento que se identifica outras rotas migratórias”, afirmou o presidente do Tribunal de Justiça, Roberto Barros.

Como uma forma de ampliar o debate para a esfera política, a Assembleia Legislativa realiza hoje a sessão do parlamento na cidade de Brasileia.

Fonte – A Gazeta do AC

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