Manaus, AM – Um grupo de artistas, estudantes e intelectuais realizou um abraço simbólico no prédio da Santa Casa de Misericórdia, no Centro de Manaus. O ato ocorreu na manhã deste sábado (5). Com faixas e cartazes, eles pediam a valorização e reabertura do local. A Santa Casa é considerada patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Durante o “abraço”, pessoas que nasceram no centro filantrópico, além de antigos funcionários do hospital demonstraram apoio. Como é o caso da enfermeira Margarida Campos, que estudou e trabalhou na Santa Casa por seis anos.
“Eu participei da escola de enfermagem de Manaus e a gente estudava aqui. Eu instrumentei nesse hospital por muito tempo e hoje em dia está assim. Como pode o poder público deixar esse lugar chegar nesse ponto? Preservar isso é uma luta da sociedade e temos que cobrar isso do Governo” disse.
Com cartazes, os participantes formaram a palavra cultura em frente ao prédio e gritaram palavras de ordem. Rosa dos Anjos, de 35 anos, é presidente da Associação de Cultura do Estado do Amazonas (ACEAm) e diz que a Santa Casa deve ser preservada como outros pontos turísticos da cidade.
“Não existe um engajamento do poder público e nós, como a sociedade civil, temos que cobrar para que esse espaço seja reativado, como hospital, como centro cultural. É bastante urgente a necessidade, pois a Santa Casa está destruída. Nada mais como ter uma arquitetura como essa para ser um atrativo turístico para a cidade, onde se fala de turismo e não preservam um prédio como esse”, comentou.
Durante o abraço, o grupo realizou também uma visita à capela localizada ao lado do prédio principal, hoje desativado.
Enttenda o caso
A Santa Casa de Misercórdia de Manaus fechou as portas há onze anos, após grave crise financeira. Inaugurado em 1880, o hospital particular chegou a contar com recursos do Governo do Estado. Um grupo de interventores nomeado pela Justiça neste ano tenta a revitalização do prédio, atualmente abandonado.
Em 2014, o O g1 visitou o casarão em que o centro de atendimento filantrópico funcionou por quase 130 anos. A série de reportagens foi publicada no dia 7 de setembro. Lá, a destruição é perceptível já na porta de entrada, pichada e com vidros quebrados – “padrão” que segue por todo o prédio. Segundo ex-funcionários, o local é constante alvo de saques e depredações. Além disso, a polícia tem registrado encontros de cadáveres nas proximidades e até mesmo dentro do prédio.
Amazonianarede-G1,AM