A Inconfidência Mineira representou um grito de liberdade

Principal líder da Inconfidência Mineira, Tiradentes foi enforcado no dia 21 de abril de 1792

Rosângela Portela

“Cumpri minhas palavras, morro pela liberdade”, frase célebre do suplício do alferes que se tornou o mártir da Inconfidência Mineira, ao ser enforcado até a morte, decapitado e esquartejado, na manhã do dia 21 de abril de 1792, razão do feriado nesta data: Dia de Tiradentes.

A memória nacional do movimento e sua representatividade são lembrados até hoje e deixaram como legado a certeza de que a luta pela liberdade deve ser permanente.

A Inconfidência Mineira foi um movimento social de revolta de uma pequena elite de Vila Rica, atual Ouro Preto (MG), contra o domínio português. Ocorrida em 1789, faziam parte do grupo: intelectuais, religiosos, militares, fazendeiros, dentre eles o Tiradentes, principal representante.

O movimento foi motivado pela Derrama, um imposto cobrado, durante o período colonial, por região de exploração do ouro, o chamado quinto, que correspondia à cobrança de 20% (1/5) sobre a quantidade de ouro extraído anualmente.

Com a decadência rápida da mineração, os moradores da região sentiam dificuldades para pagar o imposto, então a coroa portuguesa organizava uma operação e enviava os soldados para fazerem a cobrança.

As sanções geraram insatisfação na sociedade mineira que organizou o movimento, com o objetivo de libertar o Brasil de Portugal e instaurar uma república independente.

Francisco Iglésias, historiador, afirma que “o quadro de asfixia vivido pelo Brasil no final do Setecentos, a desagregação do sistema colonial por sua inviabilidade é agravado em Minas, pela decadência rápida da mineração”.

Diante desse quadro econômico e do excesso de cobranças por parte da Coroa está o cenário capaz de proporcionar elementos para compreender a conjuração de Minas.

O movimento

Os principais representantes do movimento marcaram o início da revolução para o dia em que o governador da capitania de Minas Gerais fosse começar a cobrar a derrama.

O grupo foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, que os denunciou em troca do perdão da própria dívida junto à Coroa.

Assim, os líderes foram presos, enviados ao Rio de Janeiro e condenados à morte. Alguns tiveram as sentenças substituídas, por meio de decreto da rainha dona Maria I, de Portugal, e foram levados a exílio nas colônias portuguesas da África e conventos em Portugal.

A única sentença mantida foi de Tiradentes, único que confessou a participação. Sua acusação foi de crime de “lesa-majestade” como previsto pelas Ordenações Filipinas, Livro V, título 6, materializado em “inconfidência”, ou falta de fidelidade ao rei.

Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado no dia 21 de abril de 1792. O corpo foi esquartejado, a cabeça encravada numa estaca e exposta em praça pública em Vila Rica, e seus membros, espalhados pela estrada que levava ao Rio de Janeiro.

A casa do alferes foi queimada e o terreno salgado para que nada ali germinasse, além de ter os bens confiscados.

Tiradentes tornou-se o mártir da Inconfidência no Brasil, um dos maiores símbolos brasileiros da luta pela independência e pelo estabelecimento de uma república no país.

@amazonianarede

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