Manaus – O esforço conjunto entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Manaus teve êxito no resgate da idosa Maria Catarina Xavier, moradora de rua que se encontrava em situação de risco ao lado da Central de Abastecimento de Energia, no bairro da Cachoeirinha, na zona Sul, na segunda-feira, 11, à noite. A ação foi realizada pelo Departamento de Proteção Social Especial (DPSE) da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh), Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e Ministério Público do Estado (MPE).A idosa foi identificada em 2014 após denúncias de moradores do entorno da Central. Há mais de 20 anos ela é conhecida na área. Nos últimos quatro anos tem sido realizado um trabalho de convencimento para que dona Catarina deixasse o lugar.
Segundo a chefe de Divisão de Alta Complexidade do DPSE/Semmasdh, Clícia Franco, este tipo de abordagem exige critérios extremamente importantes. “Uma pessoa que possui todos esses anos morando em situação de vulnerabilidade, apesar da precariedade, acaba criando um vínculo com aquele espaço. Neste processo de retirada, o primeiro passo é criar uma relação de proximidade com o usuário, ganhando confiança e chegando até ele aos poucos, para então concluir a abordagem e fazer a retirada”, explica.
Ao chegar ao local, a equipe encontrou dona Catarina em uma barraca feita com lona. Dentro, tinha colchonete junto a um saco plástico, que possivelmente utilizava-o como travesseiro. O momento do resgate foi acompanhado por um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que constatou que, pelo seu estado físico, não seria necessária a internação imediata da paciente.
Convencimento difícil
Aos poucos a idosa foi conversando com a equipe e aceitou o convite de ser levada. “Além da nossa preocupação com o estado de saúde dessas pessoas, também temos que nos preocupar com os direitos dela como cidadãos. Por isso, desta vez, fomos respaldados com a determinação do MPE, para que então não violássemos o seu direito de ir e vir”, disse a gerente do serviço especializado em abordagem social da Semmasdh, Clícia Simone, que também acompanhou o caso.
De acordo com informações colhidas durante todos esses anos pela equipe de resgate, dona Catarina possui aproximadamente 80 anos e não tem parentes em Manaus. “Há muitas especulações sobre a vida dessa senhora. Fomos a fundo saber sobre sua origem e por meio de relatos soubemos que ela é indígena e chegou ainda criança na cidade. Ótima cozinheira, trabalhou como empregada doméstica em casas de famílias de renome da elite amazonense. Vaidosa, tinha personalidade marcante e forte temperamento. Teve alguns relacionamentos amorosos com os quais se decepcionou, tanto que mudou radicalmente de comportamento chegando à depressão e a esse estado psicológico”, disse Clícia Franco.
Dona Catarina foi conduzida ao Serviço de Acolhimento Institucional (SAI) Amine Daou Lindoso, onde passou por uma triagem e acolhimento, com refeição e higienização. Segundo a instituição ela teve uma noite tranquila e amanheceu de bom humor, deixando inclusive, que uma cabeleireira cortasse seus cabelos. “Foi um momento de emoção para todos nós que estamos envolvidos nessa ação.
À princípio ela estava meio desconfiada conosco. Não queria muita proximidade. Mas então começamos a conversar, dar carinho e aos poucos ela foi se soltando. Até que quando demos a sugestão de fazer um corte novo, ela perguntou: Vai ficar bonito?. Automaticamente percebemos que ela estava à vontade. E de fato ficou muito bom”, contou emocionada a chefe do DPSE.
Na tarde desta terça-feira, 12, dona Catarina foi encaminhada para sua nova residência, a Fundação Doutor Thomas, no bairro Nossa Senhora das Graças, zona Centro-Sul. Com isso, passará a ter atendimento médico e assistência para a identificação familiar e retirada de documentação.
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