Rio Branco – Um debate quente e polêmico em torno de vagas para índios em universidades públicas atraiu centenas de jovens indígenas na mesa-redonda que aconteceu na SBPC Indígena durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na ocasião, os índios exigiram a abertura de vagas exclusivas para índios na Universidade Federal do Acre.
A mesa-redonda sobre políticas públicas para indígenas contou com a presença de mais de 250 índios de diversas aldeias do Acre e da Amazônia. “Nós queremos ter os mesmo direitos que os brancos”, assim declarou o líder do movimento indígena juvenil no Acre, Ruy Huni Kuin.
Ruy, que veio da Tribo indígena Huni Kuin não poupou nas críticas quando o assunto é educação para jovens. Durante o seminário ele ressaltou a importância do Governo do Acre e o Governo Federal ampliarem vagas nas universidades públicas, principalmente, na UFAC. Ruy criticou também a falta de cursos em graduações específicas para índios.
O líder indígena comenta que não existem, além de professor, outras profissões. “Infelizmente não temos alternativas na nossa comunidade. Após o ensino médio, não existem cursos como medicina, engenharia e direito nos cursos de graduação. Nós só queremos que o governo amplie para nós as vagas nas universidades. Nós não precisamos somente de professores, precisamos de médicos índios, engenheiros índios, bioquímicos índios para que possam cuidar de suas tribos sem a interferência do homem branco”, declara.
Ele relatou inúmeros exemplos de índios que saíram de suas tribos na tentativa de buscar outros cursos na capital mais que não conseguiram passar no ENEM. “Vários índios que saíram de nossa aldeia tiveram que retornar porque não conseguiram passar no ENEM. O que resta a eles é apenas ser professores e nada mais, ou levar uma vida triste mergulhada no álcool ou nas drogas”, ressalta.
Ruy aproveitou o evento para reclamar da situação que muitos índios, presentes á SBPC, passam em relação à alimentação, hospedagem e de logística.
Por: Wanglézio Braga – O Rio Branco