
(Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo)
Rio de Janeiro – Delator do mensalão, ex-deputado se entregou à Polícia Federal nesta segunda.
O ex-deputado federal Roberto Jefferson ficará preso no Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro, em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O local é destinado ao cumprimento de penas do regime semiaberto e tem uma ala para atender detentos com problemas de saúde – o que se encaixa nas necessidades do delator do esquema do mensalão, que foi condenado a sete anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e se recupera de um câncer no pâncreas.
Jefferson se entregou à Polícia Federal às 14h desta segunda-feira, quando deixou sua casa, em Levy Gasparian, interior do Estado, acompanhado pelos agentes. O ex-deputado era esperado na superintendência da PF, mas foi levado direto para o Instituto Médico Legal, onde fez exame de corpo de delito. Por volta das 16h, ele chegou ao Presídio Ary Franco, em Água Santa, acompanhado do advogado, Marcos Pinheiro Lemos.
Em seguida, o mensaleiro ainda passa por uma avaliação médica na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, segundo informou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), por meio de nota. A informação de que Jefferson cumprirá pena em Niterói ainda não foi confirmada oficialmente pela Seap, mas já é dada como certa.
Expectativa – Enquanto esperava pelo cumprimento do mandado de prisão, Jefferson chegou a reclamar da demora para a chegada do mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Essa expectativa não me deixa dormir. Eu deito, mas não durmo, mas está tudo em paz. É o destino. É angustiante, mas faz parte da luta”, disse Jefferson a jornalistas.
Ele chegou a brincar com a situação. “Deus só dá carga para quem pode puxar. Sou ‘harleyro’ e botafoguense, acostumado a sofrer”, acrescentou, em referência a suas duas maiores paixões, o clube alvinegro e as motos Harley-Davidson. No domingo, para aproveitar os momentos finais de liberdade, Jefferson saiu para passear com uma moto Harley Davidson. Vestindo capacete, jaqueta de couro e calça jeans, ele ficou fora de casa por cerca de três horas. “Estou desfrutando os momentos finais da minha liberdade. Quanto a vocês, curtam sua liberdade, que é o bem mais precioso que vocês têm”, disse.
O ex-deputado foi o último condenado do mensalão, com pena de prisão, a ter a reclusão ordenada pelo STF. Ele chegou a pedir para cumprir a pena em regime domiciliar, alegando que precisa se recuperar da retirada de um câncer no pâncreas com dieta específica e medicamentos. Laudo solicitado pela Justiça disse que a situação de saúde de Jefferson permitia o cumprimento da pena em presídio comum, como os outros condenados do mensalão.
No julgamento do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa, relator da ação penal, afirmou que Jefferson, então presidente nacional do PTB, recebeu recursos do esquema do valerioduto – foram prometidos 20 milhões de reais e pagos pelo menos 4 milhões de reais – em troca da compra de apoio politico de deputados no Congresso Nacional.
Apesar de ter recebido 4 milhões de reais diretamente das mãos do publicitário Marcos Valério, Jefferson sustentava a tese de que o dinheiro nunca foi propina, e sim recursos acertados com o PT nas eleições municipais de 2004.