
(Foto: Arquivo Folha BV)
Boa Vista, RR – A oferta de cirurgias estéticas a um baixo custo, realizadas sem um procedimento adequado na Venezuela, tem atraído inúmeras mulheres, as quais não se dão conta dos riscos aos que estão expostas, e que pode resultar em consequências graves à saúde, segundo relatou o presidente do Conselho Regional de Medica (CRM), Alexandre Marques.
Conforme ele, 20 mulheres já foram atendidas no Hospital Geral de Roraima (HGR) apresentando complicações pós-operatórias, em razão do procedimento mal sucedido.
Marques destacou que entre os procedimentos mais procurados estão a abdominoplastia, mamoplastia, lipoaspiração e lipoescultura realizadas na Venezuela, o que tem atraído um número expressivo de pacientes que desconhecem os riscos de uma cirurgia mal sucedida e o trauma que isto pode causar à mesma.
Conforme ele, essas mulheres enfrentam circunstâncias desde o deslocamento por via terrestre, que pode trazer complicações à cirurgia, uma vez que não foi cumprido o prazo de resguardo, ou até mesmo a rejeição da prótese, nos casos de implante de silicone. Dependo da gravidade, alerta que as complicações podem levar a paciente à morte.
“Nossa maior preocupação é quanto à procedência do material que é utilizado, o qual requer uma atenção redobrada para garantir o sucesso da operação plástica, sem contar que no Brasil adotamos como regra a utilização de matérias que correspondam às normas das agências reguladoras de saúde, o que não existe no país vizinho. Nestes dois meses já recebemos 20 pacientes que deram entrada no Hospital Geral de Roraima em decorrência de problemas ocasionados após se submeterem ao procedimento estético na Venezuela, o que nos preocupa e, em razão destes casos, de inúmeros problemas, resolvemos lançar este comunicado à sociedade para que não se submeta a este procedimento em outro país”, orientou.
O cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Antero Frisina disse observar com preocupação o fato das pessoas desconhecerem o risco de vida, ao se submeterem a uma cirurgia complexa em outro país, por um profissional que não estabelece nenhuma garantia sobre o procedimento que realizou, a exemplo da liberação da paciente de forma rápida para se deslocar por via terrestre ou aérea logo após a cirurgia.
Segundo ele, muitos casos tiveram insucesso por terem enfrentado mais de dez horas de viagem, três dias após serem submetidas à cirurgia.
“Quando se submete a um procedimento estético de alta complexidade, é necessário que se cumpra todos os prazos recomendados no pós-operatório, questão que não é observada na Venezuela. Sem contar com a baixa qualidade do material, o que propicia, em quase todos os casos atendidos, a rejeição das próteses, infecções generalizadas e a mais grave de todas, que é a trombose venosa profunda, que já foram, inclusive, atendidos no HGR. Daí esta preocupação quanto à devida orientação para as mulheres que queiram se submeter a este procedimento, para que busquem a orientação de um profissional e entenda os riscos das complicações gravíssimas”, alertou.
Antero destacou que é necessário que as paciente entendam que só é admissível que busquem um procedimento desta natureza em outro país quando as condições oferecidas forem superior às do Brasil, o que não é o caso da Venezuela.
Na sua avaliação, talvez esteja acontecendo um aliciamento de mulheres para que realizem este procedimento na Venezuela com a promessa de um custo bem menor do que está sendo praticado no Brasil. Porém, esquece-se que, por falta de cultura e por ignorância, estão infringindo um dispositivo constitucional, e cometendo um crime federal, com a falsa promessa de uma assistência cirúrgica que, na prática, não funciona adequadamente.
“É oferecida uma falsa segurança por pessoas leigas que não possuem nenhuma especialização na área médica e estão vendendo uma falsa ilusão às pacientes locais, ou seja, é um golpe com a promessa do tão sonhado corpo escultural com a venda de um pacote estético intermediado por clínicas venezuelanas. É necessário que, ao ser abordada em uma situação desta, desconfie, e procure imediatamente a sede do Conselho Regional de Medicina e denuncie, que serão adotadas as devidas providencias”, esclareceu.