(Por Ben Blanchard e Benjamin Kang Lim)
PEQUIM – A China celebrou nesta quinta-feira o 120º aniversário de Mao Tsé-tung, o fundador da China moderna, mas as festividades foram reduzidas, num momento em que o presidente Xi Jinping inicia reformas econômicas que preocupam os esquerdistas.
Mao se tornou um importante símbolo para integrantes esquerdistas do Partido Comunista Chinês, que consideram que as três décadas de reformas pró-mercado foram longe demais, criando desigualdades sociais com uma enorme disparidade entre ricos e pobres e uma corrupção disseminada. Venerar Mao é uma forma de pressionar a atual liderança sem se opor abertamente a ela.
Os sete integrantes do Comitê Permanente do Politburo do PC Chinês visitaram o mausoléu de Mao na Praça da Paz Celestial, mas em nível nacional as celebrações foram limitadas.
A agência estatal de notícias Xinhua disse que os líderes, inclusive Xi, se curvaram três vezes diante de uma estátua de Mao e prestaram homenagens a seu corpo embalsamado, “evocando os grandes feitos do Camarada Mao Tsé-tung”.
Segundo Xi, Mao foi uma grande pessoa, que se apegou a suas crenças e conquistou o respeito e o amor do povo, mas que também cometeu “sérios erros”, como a Revolução Cultural (1966-76), segundo a Xinhua.
“Os erros do Camarada Mao nos seus últimos anos têm seus fatores subjetivos… mas, por causa de complicadas razões sociais e históricas, tanto internas quanto no exterior, eles devem ser vistos e analisados de forma abrangente historicamente”, disse Xi.
Uma fonte ligada à liderança chinesa disse, sob anonimato, que a cúpula chinesa compareceu ao mausoléu “para aplacar os esquerdistas, depois das reformas da terceira plenária”.
No mês passado, uma reunião plenária da cúpula comunista divulgou o mais ousado pacote de reformas econômicas e sociais em quase três décadas, abrandando a sua política do filho único e liberalizando ainda mais os mercados.