Tambaqui criado em cativeiro muda de cor quando está estressado, revela pesquisa

Tambaqui
Peixe Tambaqui — Foto: Shutterstock/Reprodução

Descoberta permitiu o desenvolvimento de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) capaz de identificar o estresse dos peixes apenas por imagens.

Um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), revelou que o tambaqui criado em cativeiro muda de cor quando está estressado. A pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira (22) e mostrou que o peixe escurece de maneira visível em situações de estresse.

A descoberta permitiu o desenvolvimento de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) capaz de identificar o estresse dos peixes apenas por imagens.

Publicado na revista Aquaculture, o estudo apontou que o escurecimento ocorre quando os animais ficam em espaços menores do que o normal ou recebem hormônios ligados ao estresse. A equipe registrou e analisou mais de 3 mil fotos de peixes e treinou um software para medir o nível de escurecimento e indicar o grau de estresse.

Para obter os resultados, os pesquisadores fizeram diferentes experimentos. No laboratório, escamas de tambaquis foram mergulhadas em duas soluções: uma neutra e outra com hormônio que estimula células chamadas melanóforos.

Após 30 minutos, as escamas expostas ao hormônio estavam mais escuras, confirmando a relação entre a substância e a mudança de cor. Em outro teste, seis peixes foram retirados de tanques de 200 metros quadrados e colocados em reservatórios menores, de 2 mil litros. Fotografados no início e dez dias depois, eles apresentaram diferença marcante na coloração, reforçando a ligação entre confinamento e estresse.

Além de indicar condições inadequadas de criação, a ferramenta desenvolvida pela Unesp e Embrapa mostrou que a tolerância ao estresse pode ser transmitida de uma geração para outra. Isso abre caminho para programas de melhoramento genético que selecionem peixes mais adaptados ao cultivo, com maior ganho de peso e resistência a doenças.

Segundo os pesquisadores, a inovação pode transformar a forma como se avalia o bem-estar animal na piscicultura. Com as fotos, seria possível identificar níveis de estresse e adotar medidas imediatas, como reduzir a densidade de peixes nos tanques.

“A ferramenta de IA pode ser usada para monitorar o estresse dos peixes cultivados, num momento em que se cobra cada vez mais bem-estar animal. Apenas avaliando as fotos dos animais, seria possível obter essa medida e melhorar as práticas quando necessário”, explicou o professor Diogo Hashimoto, coordenador do estudo.

amazonianarede
Por g1 AM — Manaus

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