Já ouvimos de tudo quando se trata de opinião sobre a região amazônica. E, para piorar, este “de tudo” vem ainda mais dos brasileiros que poucos a conhecem. Terra de mato, cobras e índios nas principais avenidas. Esta é a visão de muitos brasileiros e não é surpresa que os turistas também os tivessem. Não seria exagero.
A Copa do Mundo seria, assim, o palco perfeito para uma maximização deste “olhar exótico sobre a região”. Mas, os gringos, teriam mesmo esta opinião? Vale a pena uma olhada no que pensam os turistas europeus.
O que pensam os europeus?
Antes de mais nada, diga-se, os europeus visitam a região faz tempo. Logo, não é novidade a “turistada” de fora do país por aqui. O novo, neste caso, é vim em numerosos grupos para um evento onde se espera organização em doses ocidentalizadas. Ai, talvez, morasse o perigo.
Outro ponto importante é o costume que, em grande maioria, tem europeus e americanos em viajar, conhecer. Isto conta quando o tema é avaliar o olhar preconceituoso ou não.
Claro que teve os exageros, alguns acreditando em noticias falaciosas sem credibilidade e falando asneiras. Ignorante e mal informado têm em todo lugar. Mas, no geral, o que se viu, neste dias em que italianos e ingleses chegaram antecipadamente ao jogo inaugural da Copa na cidade, foi uma tentativa de imersão, de olhar de perto, de ver, sentir.
Se tivessem mesmo acreditado nos superlativos sobre Manaus não haveria um único turista na cidade. Não foi o que se viu. Na Arena, e mesmo nos bares, ruas e pontos turísticos da cidade, houve uma “invasão” de torcedores de fora.
Diria que, até certa medida e tirando os mais exaltados (que tem em todo lugar), no geral foram mais polidos e interessados nas diferenças que nós mesmo, a brasileirada. Espera-se que Croatas, Portugueses e Norte-americanos venham na mesma toada.
O que ainda falta
Obviamente há limitações. Os problemas da capital amazonense são os mesmo de qualquer grande cidade brasileira que cresceu além do que podia. Trânsito, em especial, é o ponto nevrálgico. Mas, no geral, a cidade apresenta bons roteiros turísticos, rede hoteleira e infraestrutura gastronômica que atende bem a todos os bolsos.
No mais, por aqui há o que turista gosta: comida diferente, calor (para alguns até demais), gente sorridente e receptiva e, claro, a floresta exuberante com suas entranhas banhadas a água em profusão. O que quer mais um viajante?
Se for uma aposta, jogaria as fichas no potinho escrito “o preconceito se foi”. Mas, com ressalvas. Nós, brasileiros, precisamos valorizar mais a riqueza local (não só da Amazônia, mas do Pantanal, do Semiárido nordestino, dos pampas gaúcho, do Cerrado). Assim, quem sabe, venceremos o preconceito dentro de nós mesmos.
*Ronaldo Santos é engenheiro agrônomo, servidor público federal de carreira e acadêmico de Direito.
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