Em Rondônia, Sipam monitora desmatamento

20-06mataPorto Velho, RO – Governantes comprometidos com políticas públicas eficazes, instituições que buscam recursos e estratégias para impedir a devastação das florestas e a população que pratica atos conscientes de preservação do meio ambiente conseguem reunir esforços para diminuir o risco de extinção de parte da fauna e da flora no estado de Rondônia. Somando-se a esses esforços, pesquisas recentes demonstram que a criação e a implementação de Áreas Protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas) na Amazônia é uma estratégia fundamental para a preservação das matas. Além dessas ações conjuntas, a monitoração sistemática e constante das áreas especiais – Acre, Rondônia e Mato Grosso – oferece um grande fluxo de informações que diagnosticam a dinâmica do desmatamento, afirma a coordenadora de Operações do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) em Porto Velho, Ana Cristina Strava. Para isso, é necessário lembrar, inclusive, que o Brasil inscreveu seu plano para reduzir o desmatamento em 80% até 2020 na lei nacional.

O Sipam foi criado para integrar informações e gerar conhecimentos atualizados para articulação, planejamento e coordenação de ações do Governo na Amazônia Legal brasileira, visando também a proteção, a inclusão social e ao desenvolvimento sustentável da região. Ana Cristina informa que para a concretização desses objetivos, o órgão utiliza dados gerados por uma infraestrutura tecnológica, composta por subsistemas integrados de sensoriamento remoto, radares, estações meteorológicas e plataformas de dados instaladas na região. Para ela, que é engenheira civil e doutora em geotecnia ambiental, o Sistema presta um serviço seguro e de qualidade técnica à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao ICMBio (O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e aos órgãos estaduais de fiscalização do meio ambiente. Produzindo informações sistemáticas e em tempo real, o Sipam contribui para a manutenção de ecossistemas, o equilíbrio climático, regimes hidrológicos, a conservação da biodiversidade em Rondônia e permite a cada órgão parceiro planejar com segurança a atuação nas áreas monitoradas.

Brasil ganha destaque

Um relatório divulgado no começo deste mês, pela Organização das Nações Unidas (ONU), sobre mudanças climáticas, destacou o Brasil como exemplo de sucesso na redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa. Produzido pela Union of Concerned Scientists (UCS), com sede nos Estados Unidos, o documento intitulado Histórias de Sucesso no Âmbito do Desmatamento: Nações Tropicais Onde as Políticas de Proteção e Reflorestamento Deram Resultado, traz um capítulo dedicado ao Brasil, apresentado como o país que fez as maiores reduções no desmatamento e nas emissões em todo o mundo.

No relatório é avaliado que a derrubada da floresta, vista no século XX como algo necessário para o desenvolvimento e uma reflexão do direito do Brasil de controlar seu território, passou a ser compreendida como uma destruição de recursos e exploradora daquilo que constitui o patrimônio dos brasileiros. O estudo destaca o papel desempenhado pelas reservas indígenas na conservação da Floresta Amazônica, iniciativas estaduais e a ação de promotores públicos de Justiça como “um braço independente do governo, separado do Poder Executivo e Legislativo, e com poderes para processar os responsáveis pela violação da lei”. Também é citado o apoio internacional, como o acordo celebrado com a Noruega, que já repassou US$ 670 mi em compensação pelas reduções das emissões de gases. O estudo é considerado de natureza não apenas financeira, mas política e simbólica, e mostra o compromisso em apoiar os esforços dos países tropicais.

Biodiversidade destruída

A dinâmica do desmatamento no Estado, historicamente, se apresenta desta forma: retira-se a madeira nobre, queima-se o restante que não serve para ser comercializado e coloca-se ali o gado. Análises técnicas explicam que com isso as florestas tropicais, ao contrário de outras formações florestais, não voltam a crescer quando são destruídas e também porque os solos não são adequados para agricultura a longo prazo. Além da cobertura vegetal, os animais da floresta estão sendo prejudicados e correndo risco de extinção. Mais de um terço de todas as espécies do mundo vivem apenas na Amazônia.

Assim, as áreas especiais reúnem as Unidades de Conservação (UC) e as Terras Indígenas (TI), sendo sua criação uma das estratégias mais efetivas e recomendadas para conservar todo o Bioma da Amazônia. Cerca de 1/3 do território da Amazônia Legal Brasileira é considerado área especial, que em sua maioria, funcionam como uma barreira ao avanço do desmatamento. A preservação desse território é fundamental, visto que abriga espécies animais e vegetais endêmicas e algumas ainda desconhecidas, segundo estudos. O maior prejuízo com as queimadas, que fomentam a devastação das matas e florestas, é “a perda do conhecimento da biodiversidade que foi destruída; principalmente das plantas que não chegaram a ser conhecidas e catalogadas, nem tão pouco dos benefícios que elas poderiam trazer à saúde da população”, enfatiza Ana Cristina.

Um estudo publicado na revista Science, neste mês de junho, mostrou que de 2004 a 2013 o Brasil reduziu em 70% o desflorestamento da floresta Amazônica e emitiu 3,2 bilhões de toneladas de CO2 (gás carbônico) a menos na atmosfera. Nesse período, 86 mil quilômetros quadrados da floresta foram poupados do desmatamento, uma área que corresponde a 14,3 milhões de campos de futebol, sem que a produção agrícola do país fosse reduzida. Na pesquisa, brasileiros e americanos que realizaram os estudos, concluíram que a mudança foi impulsionada por uma combinação de políticas públicas, rejeição do mercado ao desflorestamento e um aumento de áreas protegidas. Os autores acreditam que o sucesso brasileiro mostra o potencial dos países tropicais de produzirem mais alimentos sem destruir florestas, mas destacam que esse avanço pode ter pouca duração se não houver mais incentivos para os fazendeiros.

Por: Edilene Santiago – Repórter do Diário da Amazônia – Foto: Gilmar de Jesus e Jota Gomes

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.