Manaus – A ‘crise’ no transporte coletivo, a possibilidade de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a planilha do transporte público de Manaus e a mobilidade urbana foram alvos de discussão na Câmara Municipal de Manaus (CMM), na manhã desta quarta-feira (14). Os vereadores criticaram, inclusive, à condução do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Manaus (SRTM), nas mãos dos irmãos Oliveira (Givanci e Josildo Oliveira), baseados nas denúncias de corrupção e sucessivas greves prejudiciais à população.
Nas discussões em plenário, o vereador Plínio Valério (PSDB) vê na criação de uma linha fluvial urbana, saindo do bairro Mauazinho (Zona Leste) à Marina do Davi, Ponta Negra (Zona Oeste), a alternativa para a mobilidade urbana da capital.
O vereador se disse também indignado com a ‘roubalheira’ no transporte público, conforme denunciado em matéria do jornal A Crítica, envolvendo acusações entre o Sindicato dos Rodoviários e Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Sinetram), reafirmando sua assinatura no requerimento de pedido de CPI liderado pela oposição na Câmara, que atualmente mantém dez assinaturas. Para a instalação da CPI, são necessárias 14 assinaturas.
Plínio Valério criticou o fato dos incentivos concedidos pelo Governo do Estado e da Prefeitura de Manaus não retornarem em benefício do povo. Segundo ele, o ex-prefeito Serafim Correa (PSB) concedeu o benefício no ISS (Imposto Sobre Serviço) para as empresas baixando o imposto de 5% para 2%. E depois o ex-governador Eduardo Braga (PMDB) concedeu uma renúncia de R$ 720 milhões (Imposto sobre Circulação de Mercadoria – ICMS) e o ex-governador Omar (Aziz) ajudou com o IPVA (Imposto sobre Veículos Automotores).
Para ele, quem pensa que o prefeito Artur Neto é contra a CPI está enganado. “No Congresso Nacional ele assinou todas as iniciativas de CPI. E eu assinarei tantos quantos requerimentos forem apresentados de CPI”, disse. Segundo ele, o dinheiro do povo dado para empresário que não volta. “A caixa-preta (do transporte coletivo) não se abre. Minha assinatura vale pela assinatura de Arthur, porque ele assinaria esse pedido de CPI”, reafirmou.
‘Subsídio é para manter tarifa’
O vereador Marcelo Serafim, o próximo a se pronunciar sobre o assunto, disse ter observado atentamente o pronunciamento de Plínio Valério desde o dia anterior, quando assinou a CPI e fala da renúncia fiscal dada pelo ex-prefeito Serafim Corrêa (PSB). “Mas esqueceu de falar das taxas da SMTU que reduziram de 8% para 0%, que bancavam a SMTU e hoje bancada pelo dinheiro da cidade de Manaus; e de renúncias fiscais de Omar, e Arthur e de Eduardo Braga”, disse ele, ao explicar que essa redução de imposto quem paga é o povo. Segundo ele, dizer que quando a tarifa é desonerada, a Prefeitura está tirando dinheiro do povo para dar ao empresário, é maldade, falta de honestidade, uma vez que o subsídio é para ajudar na manutenção da tarifa.
Vice-líder do prefeito, o vereador Ednailson Rozenha (PSDB) é contra a CPI e acha que ela vai constranger o prefeito que está tentando encontrar um caminho para resolver o problema do transporte coletivo em Manaus, que, segundo ele, como todos sabem envolve pessoas inescrupulosas, com bandidos de um lado e de outro.
O vereador Luiz Neto (PSDC) destacou os números da reportagem criticando o fato do Sindicato estar sendo administrado por um presidente que responde seis processos na Justiça e ser o responsável por 40 paralisações no sistema. “Eles estão brincando com a população”, afirmou.
Também se pronunciaram os vereadores Rosivaldo Cordovil (PTN), Professor Bibiano (PT) e Waldemir José, ambos do PT. Bibiano enfatizou o sistema caótico do sistema e a necessidade de passar a limpo o sistema de transporte coletivo, por meio da CPI. A CPI, na sua avaliação é um instrumento da Câmara Municipal de Manaus para dar uma resposta sobre a situação do transporte público à população.
Mais denúncias
Waldemir José, por sua vez, destacou da reportagem na imprensa, o fato de um empresário de ônibus confirmar ‘pagamento de propina’ aos irmãos Oliveira. Para o vereador, isso confirma que há dinheiro no sistema, o que comprova o sobrepeso na tarifa cobrada. Segundo ele, na fiscalização que fez nos terminais, constatou que as empresas não cumprem os acordos quanto ao horário dos ônibus. “De 6h às 8h, constatei que de 18 viagens foram feitas só nove”, afirmou.
O vereador defende a CPI e o poder independente da Câmara em fiscalizar o serviço. O vereador disse acreditar que a oposição petista consiga as 14 assinaturas necessárias para a instalação da Comissão parlamentar de Inquérito. Já assinaram até agora, além de Waldemir José, Rosi Matos e Professor Bibiano, os autores, os vereadores Plínio Valério (PSDB), Mário Frota (PSDB), Gilmar Nascimento (PDT), Marcel Alexandre (PMDB), Isaac Tayah (PSD) e Massami Miki (PSL). “Acredito que a gente consegue essas 14 assinaturas, pois a cidade precisa passar essa tarifa do sistema de transporte coletivo a limpo”, disse.
Júnior Ribeiro (PTN) acha preocupante a diretoria do Sindicato dos Rodoviários estarem envolvidos em denúncia, o que prejudica a todos.
O vereador Francisco da Jornada (PDT) sugeriu a abertura de uma CPI para investigar o Sindicato dos Rodoviários, por causa das denúncias. “Aí eu apoio a CPI”, garantiu.
Fonte: CMM