Número de estupro de menores no Amazonas sobe quase 150% só este ano

Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi lembrado nesta sexta-feira (18)

Manaus, AM – O dia 18 de maio foi marcado como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Entretanto, muitas vítimas relatam que o medo de represálias contra si e demais familiares torna-se o maior obstáculo entre o abuso e a denúncia. Somente entre janeiro e fevereiro de 2018, o número de casos de estupro de crianças e adolescentes no Amazonas subiu cerca de 150%, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM).

À Rede Amazônica, as vítimas relatam que os abusos iniciam de maneira discreta, mas que, com o tempo, passam a ficar mais evidentes e desmedidos.

“Quando eu tinha cinco anos, ele [abusador] me dava banho e começava a me aliciar, só que não passava daí. Quando eu completei onze anos ele veio querer fazer relações sexuais comigo e, se eu não fizesse, ele ia me bater ou bater na minha mãe, como ele bateu. (…) Quando eu interei (sic) mais idade, eu contei para minha tia e fui morar com ela. Só que depois eu morei com minha irmã e depois voltei para a casa da minha mãe. Quando eu voltei, ele começou a fazer isso e queria fazer relações comigo. Ele falou se eu não fizesse ele ia me matar e foi quando ele me espancou, porque eu não quis”, relatou uma vítima à Rede Amazônica.

Membros da família

[A polícia afirma que em muitos casos o abusador é um membro da família e utiliza da confiança para praticar os abusos. Este fato é percebido algumas vezes no comportamento da vítima com pessoas próximas, como o pai ou mãe.

“Ela [vítima] ficou agressiva comigo. Eu falava com ela e ela debatia comigo, então eu não entendia aquele jeito agressivo. Quando caiu a ficha, eu não queria acreditar pelo fato dele [abusador] ter criado ela desde pequena. Então foi quando ela relatou, denunciou, então o chão acabou (sic). Apesar de tudo foram mais de dez anos. Então você ver uma outra face de uma pessoa que você não conhece é muito complicado”, contou a mãe de uma adolescente abusada à Rede Amazônica.

A psicóloga Antonieta Cavalcante afirma que o abuso sexual é um assunto pouco comentado no ambiente familiar.

“É um assunto que causa dor e revolta. As pessoas não gostam de falar sobre isso, principalmente se acontecer dentro da família. Então é uma violência que acaba sendo velada e que futuramente, na vida adulta dessa criança, vai trazer muitos problemas, muitos transtornos”, disse.

Enfrentando o medo de denunciar

A delegada Joyce Coelho, da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), diz que o crescimento de 148,6% no número de casos entre janeiro e fevereiro deste ano demonstra que as vítimas estão enfrentando o medo de denunciar.

“É um dado positivo partindo do pressuposto de que houve um alargamento dos canais de denúncia, bem como o trabalho preventivo de informação, palestras em escolas, orientação no geral. Isso estimula e encoraja as vítimas a denunciar e, aumentando o número de denúncias, claro que aumenta o número de casos, mas também de punições com relação ao crime”, comentou.

A Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (SEMMASDH) disponibiliza sedes do Conselho Tutelar em toda a cidade de Manaus e na Zona Rural.

Amazoninarede-JAN/SSP

 

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