(Reportagem: Alexsandra Sampaio)
Produtores rurais, piscicultores, empresários do ramo de transporte e demais entidades ligadas ao setor produtivo de Roraima iniciaram ontem, dia 1º, um movimento pacífico para chamar a atenção da sociedade e das autoridades contra o fechamento da BR-174, durante 12 horas, no trecho da reserva indígena Waimiri Atroari, que segundo eles, impede o bom andamento dos negócios deles.
Os produtores vão fazer o protesto durante toda essa semana, em que se comemora a independência do Brasil, em frente ao prédio da Justiça Federal, até a manhã do dia 7 de Setembro. Todas as manhãs eles vão cantar o hino nacional do Brasil.
Conforme os produtores, o movimento vai ser pacífico e ordeiro apenas com a intenção de dar apoio à Justiça Federal de Roraima que já concedeu uma decisão favorável à retirada da corrente que fecha o tráfego na BR-174, no Km 600, sentido Boa Vista – Manaus, no Jundiá, região do estado.
A decisão da Justiça Federal, conforme os manifestantes, foi dada a uma ação impetrada pelo Governo do Estado de Roraima que solicitava o fim do fechamento da rodovia, no horário das 18h às 6 horas, alegando principalmente o direito constitucional de ir e vir.
“Há 40 anos nós vivemos impedidos de transitar por causa de uma corrente que ninguém sabe ao certo a origem. Ela não existe legalmente, nós respeitamos porque o povo roraimense é pacífico, mas chega uma hora que não dá mais para aguentar”, disse o produtor Eugênio Thomé, uma das lideranças da manifestação.
Ele informou que decidiram participar do movimento diversas cooperativas do Estado, dentre elas as de empresários do transporte (Coopertran) e de transporte de combustíveis, dos piscicultores, agrícolas como a Cooperfar e Cooperhorta, de arrozeiros e empresários do comércio varejista.
Alguns prejuízos apontados pelos produtores estão relacionados ao atraso que o fechamento da rodovia causa aos diversos segmentos produtivos. “E o atraso na entrega de produtos, consequentemente, aumenta o preço para o consumidor, onera o custo porque ao invés de fazer duas viagens no dia, o produtor só pode fazer apenas uma. Tem que ficar a metade do dia parado ou correr feito louco tentando chegar a tempo de atravessar a reserva”, explica Thomé.
O produtor do ramo de piscicultura, Paulo Acordi, contou à reportagem que é preciso perder um dia de trabalho para conseguir vender o peixe produzido em Roraima, na feira de Manaus. Segundo ele, a venda de peixe para os empresários em Manaus acontece no período da madrugada, das 3h às 8 horas da manhã. “Quando os peixes de Roraima chegam em Manaus já terminou a feira do dia e precisa esperar o outro dia, com o produto no sol quente para pegar a próxima feira”, contou o piscicultor.