Investigados na operação Maus Caminhos e policiais são denunciados por tortura, no Amazonas

O grupo é investigado por participação em esquema de desvio de verbas da Saúde.

Amazonas – O empresário Mouhamad Moustafa – apontado como líder de uma organização responsável por desvios milionários na Saúde do Amazonas – foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), por torturar funcionários da própria empresa, envolvida no esquema criminoso. Além dele, seis policiais e uma enfermeira também foram denunciados à Justiça Federal.

A informação foi divulgada nesta segunda-feira (23). O caso foi investigado pela Operação Maus Caminhos, deflagrada em 2016.

De acordo com o MPF, as vítimas teriam sido acusadas pelos autores da tortura de desvios de dinheiro dentro do próprio esquema de corrupção. O crime teria a participação dos empresários Mouhamad Moustafa e Priscila Coutinho, da enfermeira Jennifer Naiyara Yochabel Rufino Correa da Silva e dos seis policiais, entre civis e militares.

As investigações apontam que, em junho de 2016, Moustafa e policias que faziam parte de sua equipe de segurança, cometeram tortura contra Gilmar Fernandes Correa e André Paz Dantas. O objetivo seria obter confissão dos desvios na empresa Salvare Serviços Médicos Ltda.

A defesa de Priscila informou que ainda não foi notificada sobre a denúncia.

A advogada de Mouhamad disse também que ainda não recebeu nenhuma citação sobre a denúncia, mas reforçou que a denúncia de tortura contra o cliente “é totalmente descabida e sem qualquer amparo jurídico”.

G1 não conseguiu contato com os outros citados na denúncia do MPF.

Tortura e ameaças

Segundo apuração do MPF, os funcionários foram levados de carro até um imóvel onde foram algemados, agredidos e ameaçados.

De acordo com áudios interceptados, Moustafa deu a opção para as vítimas assinariam um acordo extrajudicial ou seriam presos e mortos na cadeia.

Depois de horas de violência psicológica, eles confessaram os fatos para Moustafa e assinaram documentos de rescisão de contrato de trabalho e quitação de verbas rescisórias. O desvio de verba dentro do esquema, por parte dos funcionários, não foi confirmado.

Na denúncia pelo crime de tortura, o MPF requer ainda a suspensão dos policiais do exercício da função pública.

Sobre o esquema

O grupo é suspeito de participar de um esquema de desvio de verbas na Saúde do Estado. A Maus Caminhos apontou o envolvimento deles em 2016. Ex-secretários e o ex-governador José Melo estão entre os presos ao longo das três fases da operação.

Os investigados possuíam contratos firmados com o Governo do Estado para a gestão de unidades de saúde, que era feita por meio do Instituto Novos Caminhos (INC), instituição qualificada como organização social.

As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC.

A participação do ex-governador, da esposa, Edilene Oliveira, e de ex-secretários no desvio de verbas da saúde foi identificada por meio de conversas telefônicas interceptadas entre o irmão de José Melo, Evandro Melo, e Mouhamad Moustafa.

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