Amazonas – Foi um dia de primeiro do ano novo nervoso, perigoso e complicado para o Sistema Prisional Amazonas que segundo o secretário de Segurança Pública, Sergio Fontes, sofreu a maior rebelião da sua história,com reféns e mortes.
O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, confirmou 60 mortes após a rebelião ocorrida no Complexo Penitenciário Antônio Jobim, no km 8 da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR).
A rebelião foi considerada pelo secretário como “o maior massacre do sistema prisional do Amazonas”. Ainda não há confirmação oficial do número de fugas, mas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM) chegou a dizer ao G1 que mais de 130 detentos estão foragidos.
Atualmente, o Compaj abriga 1.224 detentos no regime fechado e a capacidade do mesmo é para 592 presos. O motim começou no domingo (1º) e terminou na manhã desta segunda-feira (2), após mais de 17 horas. Um inquérito da Polícia Civil foi aberto para apurar o ocorrido.
De acordo com Fontes, os mortos são integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e presos condenados por estupro. Até as 10h (horário de Manaus) desta segunda, a secretaria havia contabilizado 60 mortes.
O secretário afirmou ainda que a facção rival Família do Norte (FDN) comandou a rebelião, que “não havia sido planejada previamente”. “Esse foi mais um capítulo da guerra silenciosa e impiedosa do narcotráfico”, disse Fontes.
Rebeliões no Ipat e Compaj
O secretário afirmou ainda que há indícios de que a rebelião teve relação com o motim no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), também ocorrido no domingo. No total, 87 presos fugiram do Ipat. Cerca de 40 detentos das duas unidades prisionais foram recapturados, segundo Fontes.
O titular da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), Pedro Florêncio, também falou à imprensa nesta segunda-feira. “Não houve falha da Inteligência para perceber [o motim]. Não foi uma rebelião planejada, mas os detentos receberam ajuda dos presos do semiaberto. Eles fizeram buraco na muralha, e por lá, entraram armas no presídio”, comentou.
Informações preliminares dão conta de que foram apreendidas quatro pistolas, uma espingarda calibre 12 e armas improvisadas pelos detentos. Além de mortes por armas branca e de fogo, foram registrados ainda mortes por incêndio.
O ex- policial militar Moacir Jorge Páscoa da Costa , o popular “Moa” morreu carbonizado em uma das celas. Até o momento, ele é o único detento com identidade informada pela SSP. A secretaria não confirmou se Moa era integrante do PCC.
Os corpos das vítimas do massacre foram removidos para o Instituto Médico Legal (IML). No entanto, como o local só tem capacidade para 20 corpos, os 40 restantes serão comportados em um contêiner a ser alugado pela SSP-AM, onde ficarão até a necrópsia. “Queremos fazer isso o mais rápido possível, para liberar para os familiares”, disse Sérgio Fontes.
OAB testemunha
Fora do Compaj, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Amazonas (OAB-AM), Epitácio Almeida, afirmou que a negociação com os presos começou às 20h30 (horário local). “Nós tivemos a noite mais sangrenta da história do Estado nos presídios. Eu e o juiz Valois negociamos. Eles pediram a presença da imprensa na madrugada, mas não havia ninguém.
Doze carcereiros foram feitos reféns e havia a possibilidade toda hora de um conflito maior. Pediram coisas que não julgamos absurdas, como garantir a integridade deles, por isso o juiz assinou com eles”, explicou Almeida.
A coletiva de imprensa, Fontes também comentou as negociações e disse que a SSP “não achou viável” a invasão ao Compaj, por risco de aumentar o número de mortes. Além de 12 servidores, 14 presos também foram feitos de refém.
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