Farc pedem perdão a vítimas e familiares por massacres na Colômbia

Negociador do governo da Colômbia Sergio Jaramillo (à esq.) fala próximo ao líder das Farc Ivan Márquez na pequena igreja da província de Bojayá, na Colômbia, alvo de massacre em 2002
Negociador do governo da Colômbia Sergio Jaramillo (à esq.) fala próximo ao líder das Farc Ivan Márquez na pequena igreja da província de Bojayá, na Colômbia, alvo de massacre em 2002
Negociador do governo da Colômbia Sergio Jaramillo (à esq.) fala próximo ao líder das Farc Ivan Márquez na pequena igreja da província de Bojayá, na Colômbia, alvo de massacre em 2002

BOGOTÁ — A poucos dias do plebiscito em que os colombianos decidirão se aprovam ou não o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha se dedicou a pedir perdão a vítimas do conflito armado mais longo da História da América Latina. Nesta sexta-feira, o líder rebelde Iván Márquez é esperado na cidade de Apartadó, onde 35 pessoas foram mortas pelos guerrilheiros em 23 de janeiro de 1994. No dia anterior, foi a vez de Márquez pedir perdão pelo massacre de Bojayá, em 2002.

Vestidos de branco, vítimas e familiares caminharam pela “Rua do Massacre” em Apartadó, que foi rebatizada de “Rua da Esperança”, e está prevista uma cerimônia na casa onde ocorreu a matança. Além das 35 vítimas fatais, 17 pessoas ficaram feridas na ação da guerrilha. De acordo com a rádio colombiana Caracol, será anunciada a construção de um parque como símbolo da reconciliação entre as Farc e as vítimas.

Na quinta-feira, com a oferenda de uma imagem de um Cristo negro, o grupo pediu perdão pela morte de 79 pessoas em uma igreja do povoado de Bojayá, no Noroeste da Colômbia, um dos episódios mais repudiados na História do conflito. O massacre ocorreu em maio de 2002, quando rebeldes bombardearam o templo com mísseis de fabricação artesanal.

— Pedimos que nos perdoem e nos deem esperança para o alívio espiritual que nos permita continuar junto com vocês fazendo o caminho que, reconciliados, nos levem à era justa que tanto ansiavam os humildes em todos os lugares da Colômbia — disse Márquez.

As Farc, que na segunda-feira assinaram um histórico acordo de paz com o presidente Juan Manuel Santos, combatiam nesta região contra esquadrões paramilitares de extrema-direita. O conflito de 52 anos deixou 220 mil mortos e milhões de deslocados.

Como parte do acordo de paz, que deverá ser referendado pelos colombianos em um plebiscito no domingo, os sete mil guerrilheiros abandonaram as armas e poderão formar um partido político para defender seus ideias.

Durante a assinatura do acordo, o líder máximo das Farc, Rodrigo Londoño, conhecido como Timoshenko, pediu perdão a todas as vítimas do conflito.

Os guerrilheiros são responsáveis por assassinatos, massacres, sequestros, recrutamento de crianças, deslocamento e milhares de ataques contra as Forças Armadas e a infraestrutura econômica do país.

O chamado Cristo Negro de Bojayá, doado pelas Farc, mede 2,45 metros de altura e foi esculpido pelo artista cubano Enrique Angulo com madeira da região da selva do Noroeste colombiano.

amazonianarede-agênciaoglobo

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.