Conselho de Ética aprova relatório que recomenda cassação de Delcídio

Conselho de Ética, aprova abertura de processo de cassação, de Delcídio Amaral

Conselho de Ética, aprova abertura de processo de cassação, de Delcídio Amaral
Conselho de Ética, aprova abertura de processo de cassação, de Delcídio Amaral

Brasilia – O Conselho de Ética do Senado aprovou nesta terça-feira (3), por 13 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção, o relatório que pede a cassação do mandato do senador Delcídio do Amaral(sem partido-MS). A abstenção foi do presidente do colegiado, senador João Alberto Souza (PMDB-MA).

Relator do processo de cassação de Delcídio, o senador Telmário Mota (PDT-RR) recomendou nesta terça a cassação do mandato do parlamentar do Mato Grosso do Sul.

Agora, o relatório seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que terá um prazo de cinco sessões do plenário para analisar aspectos constitucionais, legais e jurídicos do processo. Em seguida, o relatório de Telmário Mota tem de ser votado pelo plenário da Casa.

Ao votar pela cassação do mandato de Delcídio, o relator argumentou que o colega do Legislativo desrespeitou o Código de Ética e Decoro Parlamentar.

“Não há qualquer dúvida de que o senador Delcídio do Amaral abusou de sua prerrogativa constitucional”, observou Mota.

Em meio à sessão, o relator relembrou a gravação divulgada pela Procuradoria Geral da República na qual Delcídio oferece R$ 50 mil à família de Nestor Cerveró para tentar convencer o ex-diretor da área internacional da Petrobras a não fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Na visão de Telmário Mota, o ex-petista priorizou interesses próprios.

“O representado [Delcídio] ignorou seus deveres constitucionais e colocou seus interesses em primeiro lugar”, avaliou o relator.

Defesa

Após a votação, o advogado Antonio Figueiredo Basto, um dos advogados de Delcídio, afirmou que houve cerceamento de defesa e que faltam provas no caso. Para ele, há “dois pesos e duas medidas”.

“É lamentável o desfecho desse procedimento, porque não vejo motivos para cassá-lo. Existe muito mais gente que deveria estar na frente dele para ser cassado, que cometeu crimes muito mais graves, como corrupção e malversação de dinheiro, ocupa hoje altos cargos da administração pública, com inúmeros procedimentos de investigação, alguns já denunciados, alguns vivendo na opulência, e que não tiveram sequer abertura de inquérito ou de procedimento aqui dentro. Está claro que há dois pesos e duas medidas.”

Figueiredo Basto disse, ainda, que apresentará requerimentos à CCJ para pedir que reexamine o caso.

‘Pena mais branda’

Antes de o relator apresentar seu voto, o advogado Adriano Bretas, que também faz parte da equipe de defensores do senador sul-matogrossense, pediu uma sanção mais branda que a cassação do mandato. O criminalista defendeu que não houve irregularidade grave que justificasse a perda definitiva de mandato.

“O conceito [de irregularidade grave] está atrelado ao enriquecimento ilícito, ao desvio de verba pública, à percepção de vantagem indefesa. E isso não é imputado ao senador representado”, ponderou o advogado.

Além da perda definitiva do mandato, o regimento do Senado prevê outras sanções para quebra de decoro parlamentar, como advertência, censura e perda temporária do mandato.

Bretas disse aos senadores que integram o Conselho de Ética que, talvez, a conduta de Delcídio “se enquadrasse melhor” em “transgressão grave”, o que acarretaria, segundo ele, na pior das hipóteses, na perda temporária do mandato do senador.

Em seguida, Figueiredo Basto se queixou que o caso “carece de um mínimo necessário” de provas. Para ele, Delcídio é um homem correto e que sofreu uma “injustiça”. O defensor destacou que o ex-líder do governo “não tem antecedentes e não é corrupto”.

“Não há qualquer fato que indique enriquecimento ilícito, não é um homem rico e nunca foi. […] Meu cliente é um homem correto”, enfatizou.

“[Delcídio é] um homem debilitado por uma injustiça. […] Todos que estão nesta sala conhecem Delcídio do Amaral, um homem correto, que é amigo dos amigos e amigo de todos. […] Um homem que representa dignamente o estado do Mato Grosso do Sul e seus interesses, um homem que foi líder do governo, um homem que honrou o parlamento com suas atitudes e palavras”, complementou o advogado.

Delcídio não compareceu a nenhuma das quatro sessões do Conselho de Ética para as quais foi convocado para prestar depoimento. Por isso, o colegiado desistiu de ouví-lo.

Supremo

A defesa de Delcídio tentou, no Supremo Tribunal Federal (STF), interromper o processo que o investiga no Conselho de Ética, mas o ministro Celso de Mello rejeitou nesta segunda-feira (5) o pedido.

Logo no início da reunião desta terça-feira, a defesa do senador tentou novamente barrar a realização da sessão, alegando que o conselho não teria seguido todas as regras do regimento interno. O pedido, no entanto, foi negado pelo presidente do colegiado.

Senadores que compõem o Conselho de Ética argumentaram que a intenção dos advogados de Delcídio era atrasar os trabalhos. Para o senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), o único intuito era “procrastinar”.

“Estamos aqui fazendo um papel ridículo, porque este processo já deveria ter sido julgado meses atrás”, reclamou o senador tucano.

Amazoianarede-Sistma Globo

 

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