MANAUS – Os Estados do Amazonas, Acre e Roraima serão beneficiados pelo novo fundo de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial destinado à Amazônia Internacional. No Brasil, serão US$ 60 milhões aplicados em projetos na região amazônica para a preservação do meio ambiente e incentivo à sustentabilidade. A novidade foi anunciada pelo diretor do Banco Mundial no Brasil, Martin Raiser, após reunião com o governador José Melo nesta segunda-feira, 23 de novembro, na sede do Governo, Compensa, zona oeste. O fundo também vai apoiar projetos na Colômbia e Peru.
“Esses recursos estão lá disponíveis não só para o Amazonas, mas vamos apresentar nossos projetos, sobretudo, para aquela região chamada de cinturão do fogo, da fronteira com os nossos vizinhos Pará, Rondônia e Mato Grosso para evitar o avanço da fronteira agrícola floresta à dentro”, antecipou José Melo.
O governador do Amazonas afirma que a garantia do equilíbrio ambiental na Amazônia deve priorizar também a melhoria das condições de vida das populações que habitam a região. O tema será defendido durante a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 21), que ocorre em dezembro em Paris, na França. José Melo confirmou presença no evento.
“Nessa esteira estamos levando à Paris, para a COP 21, algumas propostas. Nós temos 98% da floresta intacta e está provado que esta floresta exerce papel fundamental no equilíbrio ambiental no Brasil e no mundo. Mas o povo que habita essa floresta até hoje não recebeu uma contrapartida em função disso. É preciso que o mundo entenda que esse serviço deve ser remunerado e, com isso, a gente possa levar escolas, hospitais e melhoria da qualidade de vida para o povo da floresta”, enfatizou José Melo.
No final de semana, a diretoria do Banco Mundial conheceu unidades de conservação do Amazonas incluídas no projeto Arpa em uma viagem organizada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Raiser avaliou como positiva a execução da política ambiental amazonense e disse que o Estado terá papel importante nesse novo fundo. “Tivemos a oportunidade de ver os projetos, falar com as comunidades e ver como eles sentem o apoio, e foi muito interessante. Acho que nessa área temos muitos êxitos. Foi uma visita cheia de esperança”, comentou.
Sobre o novo fundo, o diretor Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) acrescentou: “Algumas semanas atrás, conseguimos um novo fundo de desenvolvimento Amazonas Sustentável, que inclui o Brasil, o Peru e a Colômbia. E o Brasil recebeu mais 60 milhões de dólares para aprofundar o trabalho que a gente já faz. Amazonas, Acre, Roraima. Mas é claro que Amazonas tem um papel muito importante”.
Martin Raiser também falou sobre outros projetos, nesse caso de financiamento, em execução com o Amazonas. O diretor afirmou que o projeto, de US$ 150 milhões, em negociações com a Prefeitura de Manaus deverá receber aprovação no próximo mês. A iniciativa atende as áreas de gestão, educação e transporte público. “Mais um mês já vai ser aprovado, do nosso diretório em Washington, 150 milhões de dólares para a cidade de Manaus”, disse.
De acordo com José Melo, no Alto Solimões, o apoio do Banco Mundial está permitindo melhorias na área de saúde e ampliação da rede de água encanada para a população dos municípios de Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte. Na área da segurança pública, outro projeto começou a ser executado ano passado, permitindo aperfeiçoamento tecnológico e humano dos servidores, a construção de Distritos Integrados de Polícia (Dips), entre outros investimentos.
Governo busca apoio para Piscicultura – Durante a reunião com a diretoria do Banco Mundial, o governador do Amazonas apresentou a proposta preliminar para obtenção de financiamento do projeto de criação de peixe em cativeiro. Orçado em US$ 500 milhões, a proposta contempla investimentos que incluem o desenvolvimento da atividade fim do projeto e a infraestrutura de estradas e vicinais para o escoamento da produção. Para o desenvolvimento do programa de Piscicultura, o governo amazonense planeja contar com o apoio da Embrapa.
“Iniciamos tratativas com o Banco Mundial para conseguir recursos para o grande projeto de piscicultura. Ele vai possibilitar que a gente possa desenvolver o Estado, mudar essa equação injusta que tem hoje, onde Manaus é uma cidade concentradora de recursos de atividade econômica, enquanto o interior fica meio esquecido. Com essa atividade da criação de peixe em cativeiro, pretendemos melhorar essa equação”, afirmou José Melo.