Arqueóloga afirma estar a um passo de encontrar tumba de Cleópatra no Egito

Cleópatra era a representação viva de Ísis
Cleópatra era a representação viva de Ísis
Cleópatra era a representação viva de Ísis

Cleópatra, a última rainha do Egito, se suicidou em 12 de agosto do ano 30 a.C., depois de seu amante, Marco Antonio, morrer em seus braços. Desde então, o destino de seus restos mortais é um enigma que a arqueóloga dominicana Kathleen Martínez garante estar prestes a resolver.

Martínez fala com a esperança contagiante de um iluminado e a convicção de alguém para quem o futuro não é um mistério, enquanto explica os detalhes de sua escavação, que começou há uma década na cidade ptolemaica de Taposiris Magna, onde ainda existem os muros caducos de um templo dedicado à deusa Ísis.

“Cleópatra era a representação viva de Ísis, portanto, tinha que ser enterrada em um templo de Ísis”, explicou a arqueóloga.

Dez anos atrás a missão começou com cinco objetivos: “O primeiro, provar que o templo foi construído no início da dinastia grega; o segundo, que funcionou como templo por muitos séculos; o terceiro, demonstrar que foi um centro importantíssimo de adoração da deusa Ísis; o quarto, demonstrar que tem túneis, passagens e câmaras subterrâneas; e o quinto, encontrar o túmulo de Cleópatra e de Marco Antonio”.

Só resta a ela cumprir o último deles, o que fez Martínez deixar sua profissão de advogada na República Dominicana e embarcar rumo ao Egito para a aventura de sua vida.

“Taposiris Magna reúne todas as condições (de ter sido escolhida por Cleópatra como o local onde seria enterrada), não há nenhum outro templo, mausoléu ou estrutura que tenha as condições de Taposiris Magna”, sentenciou Martínez, para quem “Cleópatra nunca temeu a morte, mas sim o anonimato”.

A arqueóloga, que é incapaz de ocultar a admiração que sente por Cleópatra VII, insistiu que quando a rainha egípcia se suicidou, se deixando picar por uma cobra, quando já tinha sido derrotada pelas tropas do exército romano, estava dando início a um ritual religioso que deveria terminar com seu enterro em um templo dedicado a Ísis.

Com a revelação, este ano, de uma esteira do faraó Ptolomeu V, “a descoberta mais importante” nas duas fases de trabalhos, foi possível constatar, segundo a pesquisadora dominicana, tanto a importância do templo, como que era realmente dedicado à deusa egípcia.

A esteira “é exatamente igual a uma inscrição que existe no templo de Philae (em Luxor), onde o faraó entrega toda a terra e os produtos do templo à deusa Ísis”, explicou.

Os túneis ocultos sob Taposiris Magna, que fica ao sudoeste de Alexandria, em uma língua de terra entre o Mediterrâneo e o lago Mariut, o transformaram, além disso, no lugar perfeito para que Cleópatra pudesse descansar eternamente junto de seu amante Marco Antonio sem temer que seus restos fossem profanados por seus inimigos.

Martínez está acompanhada por uma equipe de sete especialistas, entre eles a egípcia Sara Saber Abdallah, especialista na datação de restos biológicos e que trabalha em um cemitério próximo, entre o templo de Ísis e uma réplica do mítico farol de Alexandria.

Entre as paredes derruídas do santuário, Abdallah explicou que, pelas técnicas de mumificação e pelo material que envolveu os corpos, é possível concluir que os enterrados são do último período ptolemaico e do primeiro romano.

No interior de uma das tumbas recentemente escavadas, Martínez lembrou que, por terem sido enterrados em terreno sagrado, só poderiam pertencer a altos funcionários da corte.

Sem tanto entusiasmo como a dominicana, o ministro de Antiguidades do Egito, Mahmoud al Damati, considerou que a presença destas tumbas nobres poderia indicar a existência de tumbas reais, embora tenha advertido que “o trabalho (de Martínez) que terá que determinar isso”.

Após esta década de escavações, a maior parte autofinanciadas, Martínez, que conta com o respaldo de sua embaixada no Egito, brincou lembrando seu duro começo em Taposiris Magna, onde outros arqueólogos já atracaram.

Ela contou que, naquela época, “se pensava que o templo nunca tinha sido terminado”, por isso que, quando começou a escavar – após convencer os responsáveis do Conselho Supremo de Antiguidades -, vários profissionais zombaram dela.

“Na República Dominicana ter ideias não é tão fácil, muitas das pessoas próximas de mim, inclusive minha família, pensaram que estava passando por um problema mental”, confessou.

Agora, com o respeito ganho, a publicação de dois trabalhos em mente e pensando em formar jovens arqueólogos latino-americanos em Taposiris Magna, Martínez continua a procurar por Cleópatra e defendendo a força das ideias.

“Quero transmitir, através da minha experiência, que as ideias não têm nacionalidade e que todos nós temos a oportunidade de sonhar”, concluiu. EFE

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