Amapá: Rio Pacuí continua agonizando por causa da ação dos criadores de búfalos

Há anos que a criação desordenada vem causando estragos no rio. Fazendeiros não assumem nenhuma responsabilidade pela proteção ambiental.

Ainda não foi tomada nenhuma decisão das autoridades públicas para dar um basta no assoreamento que vem sofrendo o rio Pacuí. Agricultores e pescadores da região culpam os fazendeiros pela agressão ao meio ambiente, pois os búfalos com suas pisaduras desviam o leito do rio por meio de valas, transformando-os em igarapés (braço longo de rio ou canal).

O Ministério Público, através da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente (Prodemac), realizou uma audiência pública no mês passado, em Santa Luzia do Pacuí, com a participação de várias instituições, entre elas a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial (Imap). Na ocasião, até denúncia de ameaça e agressão foi feita pelos pescadores.

As inúmeras valas diminuem a velocidade do rio e concentram os peixes. Por causa disso, os pescadores se deslocam para essas áreas próximas das fazendas. Acabam sendo surpreendidos pelos seguranças dos fazendeiros. “Eles chegam em voadeiras e sempre estão armados. Nos ameaçam e tomam todo o nosso material.

Às vezes chegam a nos agredir quando resistimos”, denunciou um pescador que pediu para não ser identificado temendo ser morto.

Há anos que a Prodemac está com essa causa nas mãos, porém não consegue avançar. O máximo alcançado foi reunir os órgãos ambientais do Estado e os empresários do setor pecuário da região para tratar sobre o problema.

Foi constatado que as valas causadas pelo pisoteio de búfalos está provocando a diminuição na vazão do rio, tendo como consequência a morte do curso d’água. A Promotoria já confirmou que está ocorrendo inavegabilidade de certos trechos do rio Pacuí, principalmente do varadouro (trecho que liga um rio ao outro).

A degradação ambiental provocada pela criação de búfalos é inevitável porque não há proteção em grande parte da mata ciliar (formação vegetal localizada nas margens). O rio Gurijuba, paralelo ao rio Pacuí e ligados por meio de um varadouro, sofre do mesmo problema. Tudo isso devido à falta de proteção da mata ciliar. Foi confirmado que a situação é muito complicada por causa da degradação ambiental provocada pela bubalinocultura.

O Governo do Estado precisa iniciar um projeto para avaliar a capacidade, a variedade e a qualidade das pastagens onde está concentrada a criação de búfalos no Amapá. São animais que alteram as condições do ecossistema da região onde estão habitando, chegando a comprometer a vida dos seres humanos. Como são de grande porte e há necessidade de grande espaço geográfico para que acessem os alimentos, naturalmente comprometem a agricultura e outras atividades econômicas desenvolvidas pelos ribeirinhos situados às margens dos rios.

(A Gazeta do Amapá) 

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