“A lei tem que ser cumprida” diz delegada que soltou  marido de mulher que se jogou de prédio

Delegada Débora Mafra, Delegacia da Mulher 

Delegada da Mulher Débora Mafra arbitrou fiança de R$ 2,5 mil. Mulher se jogou de apartamento durante sequência de agressões.

 Manaus,,AM – A soltura do companheiro da mulher que se atirou do 2º andar de um prédio em Manaus para fugir de agressõescausou indiginação. O homem pagou fiança de R$ 2,5 mil e foi liberado da cadeia. A vítima, de 23 anos, pode ficar paraplégica. Em entrevista, a delegada da Mulher explicou que o pagamento é um direito do marido. “Lei é lei”, disse.

O caso ocorreu na terça-feira (9) no apartamento onde o casal morava, na Avenida Comendador José Cruz, no bairro Lago Azul, na Zona Norte. Na ocasião, a vítima teve o rosto lançado contra a parede. Ela se jogou de uma janela para não morrer nas mãos do marido.

O homem foi preso em flagrante, mas foi solto após a família dele pagar a fiança arbitrada pela delegada Débora Mafra, que explicou a situação. “Esse crime de lesão corporal, ameaça e injúria, que ele foi detido e ainda vai responder por esses processos, são crimes afiançáveis”, disse.

Segundo ela, o valor da fiança é estabelecido com base em uma análise da renda mensal dos suspeitos. Ela afirma que a quantia arbitrada, de R$ 2,5 mil, é “bem superior” ao que ganha o marido da vítima.

“Mas ainda é pagável. Eu não poderia colocar uma fiança impagável para ele, porque eu estaria tirando o direito dele de fiança e isso é um abuso de autoridade também. A gente fica trabalhando em uma margem muito difícil, mas é a lei e a lei tem que ser cumprida”, justificou.

Mafra reforça ainda que a população deve cobrar mudanças na legislação. “A gente tem que pedir para os nossos deputados federais, quando fazerem leis penais, fazerem leis mais duras, porque realmente não é fácil você estar ali na frente, com a família chorando e você tendo que arbitrar uma fiança por direito”, comentou.

Medo de denunciar

No primeiro momento, ainda no hospital, Mafra contou que a vítima não pretendia denunciar o marido. Com o apoio de psicólogos e da família, ela acabou pedindo as medidas protetivas e optou por representar contra o companheiro.

“Ela se sentia culpada por ter se jogado. Ela dizia ‘não foi ele’. Mas, na verdade, o crime que ele está pagando não é ela ter se atirado da janela ou não, foi o antes, que fez com que isso acontecesse”, afirmou a delegada.

Segundo Mafra, a maioria das mulheres que morre nas mãos dos companheiros não denunciaram os crimes. Ela reforça a necessidade de denunciar os agressores, seja por meio do 181 ou pelas demais delegacias da cidade.

“Pelo 181 não precisa sair de casa. Nós vamos até lá, porque às vezes ela tem medo de sair. Tem a Casa Abrigo, tem o aplicativo ‘Alerta Rosa’, que a gente coloca no celular, caso o agressor chegue perto é só apertar que a PM vai até a vítima. (…) Tudo para que nossas mulheres tenham uma vida plena, uma vida em liberdade, sorrindo, porque a vida de violência doméstica não é vida”, completou.

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