Brasil – Com a segurança reforçada, milhares de pessoas vestidas de verde e amarelo e com a bandeiras do Brasil se reuniram hoje (4) em cerca de 200 cidades, entre elas Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. O protesto é em defesa da Operação Lava Jato e contra o pacote de medidas anticorrupção aprovado com modificações pela Câmara dos Deputados na madrugada do dia 30 de novembro.
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, na Esplanada dos Ministérios até as 11h15 entre 4 e 5 mil pessoas participavam pacificamente do protesto, previsto para ser encerrado às 13h. Para os organizadores, são mais 15 mil manifestantes. Os eventos ocorrem também em pelo menos 200 cidades do país em horários diferentes.
Entre os movimentos que convocaram os protestos, estão o Vem pra Rua e o Avança Brasil. Em conjunto, as forças de segurança pública e os líderes dos movimentos estimam a presença de 15 mil a 20 mil pessoas na Capital Federal.
As manifestações estão permitidas apenas no gramado da Esplanada dos Ministérios, a partir da Catedral de Brasília até a Avenida das Bandeiras, mas alguns manifestantes conseguiram chegar próximo ao espelho d’água do Congresso Nacional, onde espalharam desenhos de ratos, simbolizando, segundo eles, os políticos.
Manaus
Um ato em favor da operação Lava Jato e do Projeto de Lei (PL) 4850 – que estabelece medidas contra a corrupção – iniciou por volta de 10h20 (horário local) deste domingo (4), no Centro de Manaus.
De acordo com a organização, o ato começou com cerca de 300 e atingiu 3 mil participantes às 11h. A Policia Militar (PM) ainda não divulgou o número de manifestantes.
Vestidos predominantemente de preto, verde e amarelo, os participantes da manifestação começaram a se concentrar às 9h na Praça Antônio Bittencourt (conhecida como Praça do Congresso).
Segundo os organizadores, o ato deve ser todo realizado na praça e vai continuar até por volta de 12h. Nenhuma via deve ser interditada.
O protesto conta com a participação de membros de movimentos sociais. A Aliança Amazônica Contra a Corrupção – composta pelos movimentos Direita Amazonas, Amazonas em Ação, MBL, Nas Ruas e Somos Livres – organizou a manifestação deste domingo.
“Já fizemos outros movimentos como esse e já chegamos a colocar mais de 100 mil pessoas na Ponta Negra, aqui em Manaus. Percebemos que a pressão em todos os estados gerou um certo desconforto nos políticos. Por isso estamos novamente na rua”, disse Carlos Lima, organizador do ato.
Pessoas que não têm ligação direta com movimentos sociais ou partidos políticos também participaram. Entre elas a artista Patrícia Souza, de 28 anos.
“Todo esse processo que está acontecendo é muito engrandecedor para a consciência política do brasileiro. Vejo com bons olhos qualquer manifestação que seja contra a corrupção, que é o grande problema do Brasil”, disse.
A ação de parlamentares foi criticada durante o ato. “Aproveitaram um momento onde a nação está luto, pela madrugada entraram como ratos para aprovar uma lei que acabe com a Lava Jato. Por isso, estamos aqui reivindicando apoio ao juiz Sérgio Moro”, disse a integrante do movimento Amazonas em Ação, Isa Oliveira, de 40 anos.
Trânsito
Desde as primeiras horas da manhã, estão restritos o acesso à área da Praça dos Três Poderes, onde fica o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, além dos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores. O trânsito foi interrompido a partir da Rodoviária. O acesso as vias N1 e S1, atrás dos Ministérios, também foi proibido.
A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal montou um forte esquema de segurança e retomou as revistas na Esplanada, após os incidentes do último dia 29, durante os protestos contra a PEC dos Gastos, quando houve confronto entre manifestantes e policiais.
O efetivo de policiais militares é de 1,5 mil homens, conforme informou antes das manifestações o Governo do Distrito Federal (GDF). O esquema conta ainda com agentes do Detran e bombeiros. A Polícia Civil informou que todos os departamentos estarão em funcionamento. A 5ª Delegacia de Polícia (DP) teve o plantão reforçado e, se necessário, a 1ª DP também vai receber ocorrências, além do Departamento de Polícia Especializada.
As forças de segurança orientaram os manifestantes a não cobrir o rosto, não usar guarda-chuva (se chover utilizar capa), não portar objetos cortantes ou garrafas de vidro. É recomendado ainda ter um documento de identificação e evitar celulares e objetos de valor. A polícia pede também que se foram identificados grupos com intenção de tumultuar os protestos que as autoridades sejam informadas.
A maioria dos manifestantes portava faixas contra o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e cartazes com frases como “Somos todos Sérgio Moro”, “Fora Corrupção”, “Estamos de olho: a Lava Jato não será sabotada”, “Fim do foro privilegiado” e “Pressa do julgamento de políticos no STF”.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, centenas de pessoas se aglomeraram nos cerca de 800 metros que separam os postos 4 e 5 da Praia de Copacabana, em manifestações contra a decisão da Câmara dos Deputados de aprovar, com alterações, a proposta de emenda à Constituição (PEC), de autoria popular e que reuniu 2,5 milhões de assinaturas, com 10 medidas de combate à corrupção.
O protesto na cidade atendeu convocação do Movimento Vem pra Rua, Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro (Amaerj) e Associação do Ministério Público do Estado (Amperj). Na avaliação dessas entidades, “a manifestação é uma oportunidade para que todos se juntem contra a responsabilização criminal de juízes e membros do Ministério Público”.
Durante o ato, centralizado nas ruas Miguel Lemos, Xavier da Silveira, Bolívar e Barão de Ipanema, os manifestantes gritavam palavras de ordem e ostentavam slogans em cartazes e bandeiras, entre eles “Diga não a esse absurdo.
O que o povo pedia? Prisão aos corruptos! O que eles entregaram? Prisão a juízes e promotores”, “Podem até calar a Justiça, mas não podem calar a voz do povo”, além de palavras de ordem como “Fora Renan”, “Fora Maia” e “Viva Moro” e “Viva Marcelo Bretas”, em alusão aos juízes que iniciou a Lava Jata e determinou a prisão do ex-governador Sérgio Cabral.
Amazonianarede-Agencia Brasil